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Jesus e sua infância
PERGUNTA: — Por que motivo as diversas obras sobre a vida de Jesus silenciam
quanto à sua existência entre os doze e os trinta anos de idade?
RAMATÍS: — Realmente, os historiadores profanos, até os mais imaginativos, não
puderam preencher essa lacuna na vida de Jesus; e também as próprias escolas
ocultistas e principalmente a Rosa-cruz, por vezes, divergem até quanto à data da morte
e à idade com que o Mestre desencarnou na cruz. Inúmeras conjeturas têm sido feitas
para explicá-la, uma vez que os próprios discípulos, nos seus relatos evangélicos,
também parecem ignorar o assunto. E assim, a pena dos escritores mais exaltados e
místicos descreve Jesus como um ser mitológico, cuja vida fantasiosa discrepou
completamente dos acontecimentos e das necessidades da vida humana. Noutro
extremo, os inimigos figadais da fantasia e apegados fanaticamente aos postulados
“positivos” da ciência terrena, biografaram Jesus à conta de um homem comum e
sedicioso, espécie de líder de pescadores e campônios, que fracassou na sua tentativa
de rebelião contra os poderes públicos da época. Os mais irreverentes chegam mesmo
a considerar que na atualidade o caso de Jesus seria apenas um problema de ordem
policial.
É muito difícil, para tais escritores extremistas, compreenderem a situação exata de
um anjo descido das esferas paradisíacas até situar-se em missão redentora no vale de
sombras terrenas. Jesus não foi o homem miraculoso ou santo imaterial, cujos gestos,
palavras e atos só obedeciam ao figurino celestial decretado por Deus; mas, também,
não era um homem vulgar tomado de ambições políticas e desejoso das falsas gloríolas
do mundo material. Nem criatura diáfana acima das necessidades humanas, nem
arruaceiro buscando o triunfo nos bens terrenos. Em verdade, onde terminava o anjo
começava o homem, sem romper o equilíbrio psicológico ou discrepar dos seus
contemporâneos.
PERGUNTA: — E que nos dizeis sobre a infância de Jesus?
RAMATÍS: — A infância do menino Jesus, aparentemente, transcorreu de modo tão
comum quanto a dos demais meninos hebreus, seus conterrâneos. Conforme já dissemos,
ele discrepava dos demais meninos devido à sinceridade e franqueza com que julgava as
coisas do mundo, sem sofismas ou hipocrisia. Algumas vezes causava aflições aos
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