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Maria e os aspectos do seu lar
PERGUNTA: — Ser-vos-ia possível dar-nos alguns relatos da vida cotidiana de
Maria, no seu lar, na época da meninice de Jesus?
RAMATÍS: — Quando o menino Jesus atingiu os dez anos, Maria já era responsável
por uma prole numerosa, pois, além dos filhos sobreviventes do primeiro casamento de
José com Débora, já haviam nascido Efrain, José, Elisabete e Andréia, enquanto Ana e
Tiago são posteriores. A sua vida doméstica entre os filhos assemelhava-se à existência
das demais mulheres hebréias da época, pertencentes a família de parcos recursos. Era
costume as mulheres secarem o trigo e o centeio em esteiras expostas ao sol e depois os
levarem aos moinhos da redondeza, onde os vendiam em quartas e assim aumentavam a
receita do lar. Algumas famílias pobres dos subúrbios de Nazaré plantavam legumes e
hortaliças, ou destilavam sucos de frutas em pequenos alambiques; outras conseguiam
mesmo extrair o azeite das oliveiras e com isso obtinham um pecúlio mais sólido para os
gastos habituais. Eram mobilizados todos os recursos possíveis para a sobrevivência,
porquanto além da pesca, dos serviços modestos da carpintaria, do ofício de tecelão,
oleiro, ferraria e seleiro, não existia em Nazaré qualquer indústria de alto calado, capaz de
desafogar a despesa dos seus moradores. As mulheres hebréias, laboriosas, decididas e
engenhosas, faziam pães de trigo e de centeio misturados ao mel, farinha cheirosa de
tubérculos da terra e depois torrada, ou de peixe; preparavam deliciosos frutos em calda e
os vendiam em potes de barro vitrificado; coziam frutos como o pêssego, a pera e o
damasco em açúcar cristalizado, que acomodavam em caixas de madeira de cedro fino e
forradas com folhas de parreira. Algumas casas eram tradicionalmente procuradas pelos
interessados e compradores, a ponto de os seus moradores serem incapazes de atender
aos pedidos de doces, farinhas de cereais e de peixes, frutos em calda, sucos, conservas
de hortaliças e legumes em potinhos de barro, em que muitas mulheres eram exímias e
experientes.
Assim era também a vida de Maria, mãe de Jesus, que se desdobrava com os filhos
tanto quanto possível para a sustentação do lar, pois todos cooperavam na fabricação de
doces, plantação modesta de legumes e hortaliças, na secagem de trigo, do centeio e do
peixe, de modo a viverem existência modesta, porém razoável. Era uma vida árida e
laboriosa, de poucas compensações divertidas ou de descanso. Quase que o maior
entretenimento era cultivado num desafogo delicioso, junto ao poço comum, que abastecia
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