íntima espiritual é como a árvore estéril; desvaloriza-se porque não dá frutos. No
entanto, muitas criaturas que não admitem os atributos messiânicos de Jesus e o
consideram apenas um homem incomum, vivem de maneira tão dignificante a sua
existência terrena, que podem ser consideradas à conta dos seus verdadeiros
discípulos.
No Espaço não existem agrupamentos partidários de um Jesus físico ou fluídico, mas
apenas consciências felizes ou infelizes consoante o seu padrão moral. Se Jesus exigisse
um corpo fluídico, semelhante privilégio implicaria a condenação do mecanismo da
procriação, mediante a qual Deus proporciona o benefício da vida humana no vosso orbe.
A lei divina da preservação da espécie é um fenômeno tão sublime e digno de
respeito como os demais fenômenos ou maravilhas do Universo. O seu aspecto
deprimente em face do conceito humano é produto exclusivamente da mentalidade
animalesca do próprio homem, que subverte a ordem natural de uma técnica criadora
em atos condenáveis de lubricidade.
PERGUNTA: — Reza a tradição evangélica que o corpo de Jesus desapareceu do
túmulo e, conforme a lenda, ascendeu ao Céu depois de ressurgido. Porventura essa
ascensão do Mestre Jesus em corpo e alma ao Céu não é suficiente para provar a tese do
corpo fluídico?
RAMATÍS: — Jesus-Espírito, encerrada a sua tarefa sacrificial ante a humanidade,
guardou o seu corpo no túmulo, assim como o artista genial, após terminar a execução
primorosa da sua obra, recolhe o seu instrumento na “caixa”. Seria o caso de Mozart,
Bach ou Chopin, que não mais existem como figuras humanas; no entanto, suas melodias
admiráveis ainda falam ao sentimento dos que as escutam com devoção. Que importa,
pois, o corpo físico ou “fluídico” de tais gênios da música, se o que está vivo e impressiona
é exclusivamente o “espírito” das suas composições? Que importa, também, o acontecido
com o corpo de Jesus, quando, afinal, a sua Divina Melodia Evangélica de “Amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, é o cântico miraculoso que
permanece e transforma muitos Herodes em Vicentes de Paula e Saulos em Paulos?
Ante as filigranas musicais de uma sinfonia deslumbrante de emoções superiores,
seria bastante irrisório nos ocuparmos em discutir a “qualidade” da madeira do violino ou
do piano utilizados pelos concertistas. Em face da Mensagem ou Sinfonia de Amor
Cósmico executada pelo sublime Artista Divino, Jesus, também é importuno e até
ridículo nos preocuparmos com a natureza do seu corpo.
Depois do sacrifício na cruz, o corpo de Jesus foi transferido, altas horas da noite,
por Pedro e José de Arimatéia, para um jazigo de propriedade deste último,
devotadíssimo ao Mestre. E assim, evitavam que os sacerdotes instigassem os fanáticos
a depredarem o túmulo do Messias para desprestigiá-lo como Líder Espiritual.
PERGUNTA: — Muitos espiritualistas aceitam a tese do “corpo fluídico” por
considerarem este tipo de organismo mais compatível com o grau espiritual do Mestre. E
conforme preceitua a Lei, “a cada um será dado segundo as suas obras”, acham que
Jesus, sendo um espírito angélico, deve ser merecedor de um corpo mais refinado, ou seja,
menos “pesado”.
RAMATÍS: — Sem dúvida, isso é uma reverência louvável; porém, a utilização de um
corpo físico era um imperativo fundamental para que Jesus desempenhasse
satisfatoriamente a sua missão no ambiente moral e social do vosso mundo, sem
discrepar das injunções humanas. Assim como não é possível erguermos pedras com
alavancas de papelão, Jesus não poderia agir normalmente no mundo físico, caso
dispusesse somente de um corpo fluídico. Aliás, ele mesmo afirmou que “não viera
destruir a Lei, porém cumpri-la”.
Além de sua atribuição de Legislador Evangélico, Jesus estava incumbido de outras
tarefas determinadas pela Ciência Cósmica, algo conhecidas dos Devas, no Oriente.
Assim como o Espiritismo é a síntese iniciática mais acessível à mente do homem
comum, o Evangelho estruturado por Jesus constitui também a súmula mais
compreensível da Ciência Cósmica, para a mente do homem terrícola. Quando os
adeptos do Espiritismo penetram cada vez mais no seu âmago, surpreendem-se com as
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