Que dizeis?
RAMATÍS: — A Igreja Católica não admite o exercício e a divulgação da
mediunidade, conforme o aceitam e cultivam o Espiritismo e outros movimentos
espiritualistas; obviamente, ela também não pode recepcionar e entender as elucidações
sobre a estóica descida de Jesus à carne. Apegada ainda ao “milagre”, crê na história
absurda e ingênua de Jesus subir aos céus em “corpo e alma”, embora isso desminta a
própria disciplina e imutabilidade das leis siderais que regem as relações do espírito com
a matéria. Como admitir-se Jesus subestimando o traje refulgente de sua alma angélica,
para depois substituí-lo pela opacidade de um corpo físico no seu retorno ao reino
celestial? Por que ele iria transportar para o Céu um organismo de carne, cuja
alimentação e exigências fisiológicas dependeriam exclusivamente da Terra? Ou então
buscar o ventre materno de Maria para gerar-se, nascer, crescer e depois de adulto
arrasar as leis comuns da vida humana, pela sua absurda ascensão ao Céu, em corpo e
alma? Se ele pudesse efetuar tal milagre, então poderia ter-se materializado na Terra, já
em figura de adulto, em vez de recorrer ao processo dificultoso da gestação humana!
Os crentes dessa ascensão instantânea, em que o Mestre Cristão eliminou todos os
óbices e impedimentos sensatos criados pela estrutura do Cosmo, também não podem
compreender nem admitir a sua descida vibratória sucedida num milênio do calendário
terreno, pois se foi tão fácil a subida, deveria ser bem mais fácil a descida. E os religiosos
dogmáticos, que ainda consideram Jesus como sendo o próprio Deus materializado na
Terra, não vêem motivos para ele não poder triunfar sobre as próprias leis do Universo.
Assim como a criança, embevecida na contemplação da lâmpada elétrica, custa a
compreender o mecanismo prosaico da Usina que lhe dá a luz, esses religiosos
excessivamente místicos e ainda afeitos ao sobrenatural, também sofrem imensamente
ao admitir a perspectiva de Jesus se enquadrar no mecanismo de uma técnica sidérea,
para só então lhe permitir a manifestação na Terra.
PERGUNTA: — Em nossas indagações, temos observado que a tese da descida ou
da auto-redução vibratória do Espírito de Jesus para alcançar a Terra, tanto é recusada
pelos católicos e protestantes, como também por diversos espíritas. Estes crêem que o
espírito sofre apenas enquanto se “limita” ou se “encaixa” no ventre materno, durante o
período gestativo, para então reduzir o perispírito à forma fetal, e depois despertar e
desenvolver-se na organização humana.
RAMATÍS: — Antes de elucidar a vossa solicitação, recomendamos a leitura de
mais um trecho da obra
Missionários da Luz
, cap. XIII, “Reencarnação”, quando o
instrutor Alexandre assim insistia com o espírito de Segismundo, em processo de
reencarnação: “Agora — continuou o instrutor — sintonize conosco relativamente à
forma pré-infantil. Mentalize sua volta ao refúgio maternal da carne terrestre! Lembre-se
da organização fetal, faça-se pequenino; imagine a sua necessidade de tornar a ser
criança para aprender a ser homem.” Cumpre-nos salientar que não se tratava de
espírito de alta linhagem espiritual, assim como ainda não se processava o fenômeno da
gestação, mas apenas o preparo para a incubação uterina. Em conseqüência,
poderemos imaginar quão dificultoso deveria ter sido o processo da encarnação de
Jesus!
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