de sol num vaso de barro. 

O Messias, cuja aura é imenso facho de luz a envolver a Terra — do que a sua 

transfiguração no Tabor nos dá uma pálida idéia — teve que transpor densas 
barreiras fluídicas e enfrentar terríveis bombardeios mentais, inferiores, suportando os 
efeitos da viscosa névoa magnética do astral inferior a envolver a sua aura espiritual. 
Vapores sádicos atingiram-lhe o campo emotivo-angélico, no turbilhão de vendavais 
arrasantes produzidos pelas paixões tóxicas da humanidade ainda dominada pelos 
instintos animalizados. 

Em sentido inverso, após o seu sacrifício no Calvário, o seu retorno ao mundo 

celestial foi um desafogo, uma libertação dos liames grosseiros que o retinham na Terra. 

Se Jesus não suportou sofrimentos acerbos na sua descida para a matéria, só por 

tratar-se de um espírito angélico, é óbvio que ele também teria sido insensível às 
reações contundentes da vida carnal e jamais sofreria em sua existência messiânica. A 
alma sublime, à medida que ingressa nos fluidos mais grosseiros dos mundos materiais, 
para aí viver e se manifestar, ela também sofre os impactos, os efeitos e as reações 
próprias desse ambiente hostil, pois não pode eximir-se da ação e reação das leis físicas 
criadas por Deus na dinâmica dos mundos materiais. 

A descrença dos espíritas e suas dúvidas de Jesus gastar quase mil anos no 

esforço sublime de baixar à Terra talvez resulte desse longo período tão impressionável 
para os homens. Um milênio do calendário humano avulta na mente do homem, pois ele 
mal atinge a média de 60 ou 80 anos de idade na sua vida terrestre. Para quem 
coordena sua existência pela contagem do calendário humano, é demasiadamente 
extenso, e até inverossímil, que Jesus tenha consumido mil anos para a descida 
vibratória e apenas vivido 33 anos na face da Terra. Contudo, a mesma medida 
milenária capaz de produzir tanta impressão no cérebro humano, não passa de um 
fugaz minuto no relógio da Eternidade, pois os espíritos vivem fora do espaço e do 
tempo das convenções terrenas. A descida milenária de Jesus foi somente uma etapa 
prevista pela Técnica Sideral, quando ele reduziu o seu poder e a sua consciência 
angélica por amor à humanidade, a fim de comparecer pessoalmente à “escola primária” 
terrena e entregar a mensagem salvadora. Mas a sua peregrinação do Céu à Terra foi-
lhe dolorosa e sacrificial, lembrando o príncipe que deixa o seu palácio resplandecente 
para descer aos charcos onde vivem cancerosos, réprobos e leprosos, junto aos quais 
ele não se livra de aspirar-lhes as emanações empestadas, nem mesmo evita de sofrer 
alguns danos em sua veste fidalga. Aliás, conforme diz o velho provérbio popular, “no 
meio do espinheiro, rasga-se mais facilmente o traje de seda do que a veste de couro”! 

Malgrado a dúvida suscitada por protestantes, católicos e espíritas, eles não podem 

anular a diferença vibratória existente entre o mundo angélico e o mundo humano. Caso 
Jesus resolvesse encarnar-se novamente na Terra, então já de há muitos anos ele teria 
iniciado a sua descida vibratória, obediente às mesmas leis imutáveis que lhe 
disciplinaram a encarnação messiânica há dois mil anos. 

Se a descida angélica da Mente Divina até a fase-matéria, que forma o mundo das 

formas exteriores, é disciplinada por leis fixas que regulam essa expansão do Espírito de 
Deus para fora de Si Mesmo, por que a manifestação de Jesus na carne humana 
deveria contrariar o ritmo cósmico da Criação? 

 
PERGUNTA: — A Bíblia, porventura, faz alguma referência que confirme ou 

esclareça essa descida milenária do Mestre Jesus, assim como a explicais? 

RAMATÍS: — Quando Moisés terminou sua missão combativa, e por vezes até 

cruel, no seu compromisso de codificar a idéia de um Deus único entre o povo hebreu 
retirado do Egito, Jesus então estabeleceu os planos para a sua descida messiânica à 
Terra, a fim de reajustar os ensinamentos dos seus predecessores. O profeta Isaías, 
tocado pela graça do Senhor e pressentindo essa “descida vibratória” do Mestre Cristão, 
então anuncia o seguinte: “Já um pequenino se acha nascido para nós, e um filho foi 
dado a nós, e o nome com que se apelidará será Deus forte, Pai do futuro século, 
Príncipe de Paz. O seu império se estenderá cada vez mais e a Paz não terá fim” 
(Isaías, 9:5,6). Miquéias também alude ao mesmo fato, dizendo: “E tu, Belém, tu és 
pequenina entre os milhares de Judá, mas de ti é que há de sair aquele que há de reinar 

27