tolhido na sua ansiedade de volitação, ainda se deixa aprisionar numa estreita gaiola a 
lhe molestar os movimentos mais amplos? Jamais alguém efetuou empreendimento tão 
intenso e extraordinário para descer do Alto e amoldar-se à forma física, conforme fez 
Jesus, a fim de submeter-se às leis imutáveis do cientificismo cósmico, em vez de 
derrogá-las! 

Ele desceu através de todos os planos inferiores, desde o mental, astralino e 

etérico, até poder manifestar-se com sucesso na contextura carnal e letárgica da figura 
humana. Abandonando os píncaros formosos do seu reino de glória, imergiu lentamente 
no oceano de fluidos impuros e agressivos, produzidos pelas paixões violentas dos 
homens da Terra e dos desencarnados no Além. 

Embora se tratasse de um anjo do Senhor, a Lei Sideral obrigava-o a dobrar suas 

asas resplandecentes e percorrer solitariamente o longo caminho da “via interna”, até 
vibrar na face sombria do orbe terráqueo e entregar pessoalmente a sua Mensagem de 
Amor. O Sublime Peregrino descido dos céus lembra o mensageiro terreno que, após 
exaurir-se no tormento da caminhada de muitos quilômetros, deve entregar a “carta de 
libertação” a infelizes prisioneiros exilados de sua Pátria. 

Assim, os 33 anos de vida física de Jesus significam apenas o momento em que ele 

faz a entrega da mensagem espiritual do Evangelho, pois o processo espinhoso e aflitivo 
até imergi-lo nos fluidos terráqueos durou um milênio do calendário humano. Essa 
operação indescritível de sua descida sacrificial em direção à Terra é, na realidade, sua 
verdadeira “Paixão”, pois só os anjos, que o acompanhavam distanciando-se cada vez 
mais, por força da diferença vibratória, é que realmente podiam compreender a extensão 
do heroísmo e sofrimento de Jesus, quando deixou o seu mundo rutilante de luzes e 
prenhe de beleza, para então habitar um corpo de carne em benefício dos terrícolas. 

Após ajustar o seu corpo mental e reativar o mecanismo complexo do cérebro 

perispiritual, em seguida, Jesus desatou o corpo astralino para vibrar ao nível das 
emoções humanas. Atingindo o limiar do mundo invisível e do material, então fez o seu 
estágio final, incorporando-se no Éter Físico ectoplásmico, para compor o “duplo etérico” 
e os centros de forças conhecidos por “chacras”,

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 que deveriam se desenvolver e 

estruturar-se durante a gestação carnal. Em seguida, integrou-se definitivamente na 
atmosfera do mundo físico, corporificando-se, mais tarde, no mais encantador menino 
que a Terra já havia conhecido! 

A descida vibratória do Mestre para atingir o vosso plano físico foi apenas uma fase 

à qual ele se ajustou por amor ao vosso mundo, reduzindo o padrão de suas funções 
angélicas para desempenhar, com sucesso absoluto, a sua missão de salvador da 
humanidade. Não podeis subestimar as fronteiras vibratórias que separam e disciplinam 
as várias manifestações da vida cósmica. É muito longa a faixa ou distância existente 
entre o anjo e o homem. E Jesus, sendo a mais alta entidade presente no vosso mundo, 
obviamente, com sua poderosa vontade, mobilizou os espantosos recursos necessários 
para executar fielmente o Divino Mandato da sua tarefa messiânica. 

Na impossibilidade de requintar ele a matéria ou elevar o padrão vibratório dos 

planos intermediários entre si e a Terra, o único recurso viável do cientificismo cósmico 
teria de consistir na sua “auto-redução” aos veículos que deveria incorporar 
gradativamente, quais elos de ligação dos planos subangélicos até à carne. O 
escafandrista, ao descer ao fundo dos mares, embora permaneça senhor de sua 
consciência, fica circunscrito ao meio líquido, à sua fauna e densidade; a sua 
capacidade normal, do meio externo, fica reduzida. Tal descida exige-lhe uma técnica 
especial e uma prévia adaptação às leis naturais do plano aquático onde vai fixar-se e 
agir. 

Jesus, qual andorinha a debater-se no lodo viscoso de um lago, deixou-se 

submergir no “mar” da vida humana, ajustando-se heroicamente às contingências 
sombrias do planeta. Se ele pudesse fixar-se, instantaneamente, no corpo físico, na fase 
de sua gestação, seria o mesmo que alguém conseguir, de um golpe, aprisionar um raio 

                                                        

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 Vide as seguintes obras que abordam assunto semelhante: 

Os Chacras

O Plano Astral

 e 

O Plano Mental

, de C. W. 

Leadbeater: 

O Duplo Etérico

, de Powell, obras editadas pela Editora Teosófica Adyar S.A. e Editora Pensamento, e 

Elucidações do Além

, de Ramatís, editada pela 

EDITORA DO CONHECIMENTO

 

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