julgado, apesar do bom procedimento,
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André e Tadeu formavam grupo à parte, pois não
possuíam envergadura para imporem suas idéias; por isso, facilmente aceitavam as
palavras do Mestre Jesus e aguardavam tranqüilamente os acontecimentos, enquanto
Tiago, irmão de João, sofria a influência deste e esperava o milagre das legiões
angélicas intervirem no momento oportuno. João, o discípulo amado, cuja afeição,
atividade e desprendimento eram incomuns, possuía um caráter superior e se devotava
incondicionalmente à causa cristã. Jamais demonstrou tédio, cansaço ou opôs dúvidas a
seu querido Mestre. No entanto, a sua alma de poeta, responsável pela apoteose do
próprio Evangelho, vivia povoada de fantasias e superstições, tornando-se um crente
fácil do miraculoso. Humilde, contemplativo e boníssimo,
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jamais feria os direitos alheios
ou se interessava pelos proventos materiais. Infelizmente, vivia alheio à realidade
humana e, por isso, passou-lhe despercebido o truncamento sedicioso que, pouco a
pouco, se fazia no seio do movimento cristão, através da má influência de Judas e seus
apaniguados. João preocupava-se demasiadamente com o julgamento da história sobre
Jesus, e assim procurava extirpar qualquer opinião ou acontecimento desairoso que
pudesse desmenti-lo em relação às profecias do Antigo Testamento. Quase todos os
milagres de Jesus, discutíveis nos evangelhos, tiveram sua origem nos relatos
compilados por João e, mais tarde, exagerados pela tradição oral daqueles que o
ouviram. A ressurreição e a ascensão do Mestre, em corpo e alma, assim como diversos
fatos bíblicos que lhe foram atribuídos, eram apenas justificações das predições do
passado.
Finalmente, havia Judas, filho de Simão Iscariotes, homem retraído e indócil, que
vivia entre os apóstolos mas não comungava com os seus sentimentos, pois não
escondia os seus ciúmes pela preferência que Jesus devotava a Pedro, a João e Tiago,
o maior. Ele movimentava os bens da comunidade, da qual era tesoureiro, em negócios
especulativos e até perigosos, mais preocupado com o êxito material do Cristianismo do
que com a sua mensagem essencialmente espiritual. Judas sentia-se atraído pelos ricos
e poderosos, pois não perdia ensejo de doutrinar os afortunados, políticos influentes e
sacerdotes de Jerusalém, alegando aos companheiros que não poderia haver sucesso
no movimento cristão libertador, através de criaturas famintas, maltrapilhas e ignorantes,
que constituíam a corte de Jesus. Fazia promessas atraentes e assumia compromissos
prematuros, prometendo ótimas regalias para os candidatos que fizessem o seu
ingresso no reino de Israel, como “fundadores”, pois o Messias estava prestes a se
revelar e seria o supremo mandatário do povo judeu. Em verdade, ele não confiava no
êxito da causa cristã pela interferência de legiões angélicas, como admitiam quase todos
os seus partidários, nem acreditava que isso se realizaria por força da profecia de Isaías
e Miquéias razão por que há muito tempo buscava atrair homens de temperamento
enérgico e experimentados, a fim de assegurar a vitória final. Judas não consultava os
demais companheiros em suas empreitadas ocultas, pois pretendia precipitar os
acontecimentos e assim obrigar Jesus a agir, de imediato, no sentido de fazê-lo marchar
para Jerusalém, onde então viria às suas mãos o poder da Judéia. Caráter dúbio e
utilitarista, ambicioso e imprudente, ele não acreditava no “Reino de Deus” expresso
pela fórmula espiritual que exigia o sacrifício e a renúncia dos homens.
No entanto, reconhecia em Jesus um líder e comandante inato, que sabia
arregimentar as multidões pela força hipnótica de suas idéias e pela eloqüência de suas
palavras. Era óbvio que ninguém resistiria em Jerusalém ao verbo inflamante do rabi da
Galiléia, quando ele conclamasse todos os judeus para o arremesso histórico de
expulsar os romanos e destronar Herodes. E concluía: essa jornada vitoriosa e segura,
Jesus iria dever a ele, Judas, que ousadamente não vacilaria em agir por iniciativa
própria. Seria um serviço valioso prestado ao Mestre Jesus e à causa, no que jamais
João ou Pedro poderiam superá-lo.
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Mateus havia sido cobrador de impostos para os romanos.
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Comprovando-nos que o espírito de uma existência para outra não altera a sua linhagem psicológica no ciclo das
reencarnações, verificamos que João, reencarnação do profeta Samuel, o profeta puro fundador da “Fraternidade
dos Profetas”, que inspirou a organização dos essênios, alma de renúncia e desapego, mais tarde viria a ser na
Terra a personalidade santificada de Francisco de Assis, justificando a sua formação anterior.
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