aproveitamento espiritual para a Humanidade. Antes disso o desencarne seria 
“prematuro” e depois “tardio”. Batista, Pedro, João, Paulo de Tarso, Maria Madalena, 
José de Arimatéia, os essênios, os cabalistas e alguns outros que ficaram no anonimato, 
também surgiram e interferiram na hora prevista do seu compromisso espiritual “pré-
encarnatório”. Embora não houvesse um fatalismo absoluto no advento do Cristianismo, 
cada elemento humano participou de sua realização conforme a sua categoria espiritual 
e deixou a sua lição útil e inesquecível no mundo terreno. Afora alguns senões humanos 
e já mencionados, as principais peças vivas convocadas para cooperar na missão 
evangélica do Sublime Peregrino cumpriram com fidelidade e segurança as suas 
promessas espirituais. Além disso, alguns puderam retificar o seu passado cármico pela 
excelente oportunidade concedida pelo Mestre Jesus, quando através do testemunho de 
suas próprias vidas e da abdicação de bens e venturas no mundo material, selaram 
sacrificialmente a base dos postulados redentores do Evangelho. 

 
PERGUNTA: — Que aconteceria se Jesus fosse crucificado antes da época 

prevista? 

RAMATÍS: — O Cristianismo sofreria prejuízos irreparáveis, caso Jesus fosse 

prematuramente indiciado como chefe dos galileus sublevados contra Roma, conforme o 
próprio Sinédrio mais tarde pôde culpá-lo junto das autoridades romanas. Se isso 
acontecesse, ainda no início de suas pregações, o rabino de Nazaré então seria 
crucificado na própria Galiléia, entre os seus discípulos sediciosos ou suspeitos, ficando 
ignorado entre as centenas de outras cruzes de uma punição coletiva. Tal 
acontecimento prematuro não teria força de transmitir até os vossos dias o conteúdo 
salvador do Evangelho, que se glorificou com o Amor e o Perdão de Jesus aos seus 
próprios algozes. Os familiares dos seus próprios discípulos e acompanhantes dos 
crucificados, então teriam muita dor para curtir sozinhos, em família, e pouco tempo para 
comover-se com a mesma penalidade aplicada ao Mestre insurreto, em vez de um só 
mártir, como aconteceu no Calvário, que se distinguiu e imortalizou. 

No entanto, Jesus pregou a renovação do mundo e consolidou sua obra para a 

posteridade, porque na sua paixão e morte solitária na cruz, ele concentrou sobre si 
mesmo a emotividade, o lamento, a piedade e o amor dos seus amigos, discípulos e 
familiares, inclusive o remorso e a vergonha daqueles que o subestimaram e o traíram. 
Graças ao seu heroísmo e à sua nobreza, ele assumiu a culpa de todos os implicados 
que se envolveram na tentativa sediciosa de Jerusalém, silenciando resignadamente 
diante das autoridades hebréias e romanas, a fim de morrer “inocente” para salvar 
“culpados”. 
       Mas o Divino Mestre continua em nossa retina espiritual, de braços abertos, na cruz 
e envolto pela luz resplandecente do seu perdão, amor e compreensão, que o fez 
sobrepairar acima do ódio, do ciúme, da hipocrisia e da maldade humana. Mas se ele 
fosse crucificado antes do prazo prognosticado pelo Alto, então teria privado a 
humanidade da dádiva sublime do “Sermão da Montanha” ou da imorredoura lição de 
tolerância e perdão, quando ele se expressou sem qualquer ressentimento na súplica 
dramática do seu amor infinito, dizendo: “Pai! Perdoai-lhes, que eles não sabem o que 
fazem!” Semelhante apelo, de fulguração moral eterna, se fosse pronunciado entre os 
gemidos e os brados de centenas de outros crucificados, expostos às aves de rapina, no 
deserto, é evidente que se teria apagado na confusão trágica das dores de todas as 
vítimas, ficando, portanto, sem qualquer repercussão na consciência da Humanidade. 

 
 
 

 
 
 
 

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