assinalou o palco de um dos seus momentos mais impressionantes a viver mais tarde, 
quando do fenômeno da Transfiguração. Numa visão espiritual panorâmica sobre a 
paisagem amiga da Palestina, ele admirou o dorso aveludado das montanhas da 
Samaria e do Pereu, os golfos nutridos de água azul-turqueza resplendente, os rios 
tranqüilos, o bulício dos regatos cristalinos entre o musgo esverdeado das pedras e a 
fragrância balsâmica do ambiente tão generoso. A Galiléia era pobre e ingênua, mas 
Jesus a preferiu, em comparação ao cenário rico e fulgurante da Pérsia, de Alexandria, 
Atenas ou Roma, cujas nações ainda se turbavam pelo excesso de orgulho e ambições 
insatisfeitas. 

Preferia os galileus, rudes, mas sinceros; pobres, mas honestos; simples, mas 

generosos; rixentos, mas hospedeiros; gritalhões, mas emotivos como as crianças. 
Nazaré era pródiga de frutos, peixes e vegetais e, por isso, ali se podia dispensar a 
necessidade dos matadouros e xarqueadas, que tanto ensangüentavam a face dadivosa 
da natureza. Em Nazaré, os judeus eram displicentes até com as suas festividades 
tradicionais da matança do bom carneiro ou da ave consagrada. Ali era o cenário ideal 
para Jesus pensar e cumprir a sua obra dadivosa de amor e paz. 

 
PERGUNTA: — E que dizeis quanto à cooperação dos discípulos e apóstolos, que 

Jesus convocou para a divulgação de sua mensagem da Boa-Nova e do “Reino de 
Deus”? 

RAMATÍS: — Alguns séculos antes de Jesus descer à Terra, o Governador Oculto 

do Planeta Terra já havia deliberado quanto aos tipos espirituais que deveriam cooperar 
no advento do Cristianismo junto ao Mestre Jesus. Seriam tipos de homens simples, 
generosos, ingênuos, fiéis, corajosos, obedientes, com muita capacidade de renúncia e 
completamente submissos ao seu Líder Espiritual. Teriam de formar uma unidade coesa 
e disciplinada, sem quaisquer contestações às idéias de Jesus, o qual seria a fonte 
absoluta e o coordenador definitivo da obra. 

Mas, acima de tudo, deveriam pertencer a gente comum do mundo, para que as suas 

atividades apostólicas e exemplos redentores pudessem ser imitados e de realização 
possível a quaisquer outros homens. Os ensinamentos do Messias destinavam-se desde 
a criatura da mais ínfima pobreza e insuficiência intelectual, até a mais rica e sábia. Por 
isso, ele se viu obrigado a recrutar os seus adeptos entre espíritos de um grau espiritual 
não muito avançado e, conseqüentemente, ainda sob a dependência de algumas 
retificações cármicas. Só assim poderia contar com auxiliares em sintonia com as demais 
criaturas de nível inferior a exaltar o ânimo dos pobres e deserdados. Assim, cada 
discípulo, apóstolo ou adepto interveio no momento oportuno e deixou na obra cristã a sua 
marca pessoal e redentora. Alguns deles, depois do seu testemunho, seguiram o seu 
destino cármico pessoal. Houve até os que se esqueceram do empreendimento de Jesus 
e a tradição evangélica nem pôde anotar-lhes a presença. 

 
PERGUNTA — O advento do Cristianismo, na Terra, aceito por Jesus e pelos 

demais espíritos participantes, poderia ser conturbado ante qualquer truncamento de 
suas principais peças vivas ou mesmo pela inversão da ordem dos acontecimentos 
prefixados pelo Alto? 

RAMATÍS: — Sem dúvida, era preciso que se mantivesse o plano do Alto, pois outro 

seria o aspecto do Cristianismo, caso, por exemplo, um Paulo de Tarso surgisse antes 
de Pedro, Jesus precedesse a João Batista, ou Maria de Magdala, como símbolo de 
redenção da mulher pecadora, só tomasse conhecimento de Jesus após sua morte na 
cruz. A participação de Paulo na obra cristã deveria ser exatamente depois do 
holocausto do Mestre Galileu e após Pedro firmar o trabalho messiânico do colégio 
apostólico. O próprio Jesus não poderia exceder suas atividades além dos 33, conforme 
a previsão de sua resistência biológica feita pelos Técnicos Siderais, pois nessa idade 
realmente o seu organismo sumamente delicado já se mostrava exaurido ante o 
potencial de sua própria voltagem angélica. Ele sucumbiria alguns meses depois por 
síncope. E a prova disso é que o próprio Pôncio Pilatos mandou investigar o motivo de 
Jesus ter perecido na cruz em tão poucas horas. 

O Amado Mestre desencarnou na época psicológica exata e de melhor 

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