conter a expansão incessante de sua alma a vibrar além do tempo e do espaço na 
imensidade do Universo. 

No entanto, senhor de sua vontade e do seu livre-arbítrio, ele não olvidou a 

promessa espiritual assumida antes de sua encarnação na Terra, nem protestou diante 
do sacrifício do Calvário, aceitando-o como um corolário justo à sua vida amorosa e 
benfeitora da humanidade. 

 
PERGUNTA: — Quais foram os recursos que o Alto adotou para inspirar e fortalecer 

Jesus na exposição de sua mensagem messiânica de Amor e Redenção entre os homens? 

RAMATÍS: — O Alto não alimentava qualquer dúvida quanto ao heroísmo e à 

integridade moral de Jesus no desempenho de sua missão sacrificial na Terra. No 
entanto, como se tratava de um espírito angélico, sem qualquer culpa cármica, era justo 
que recebesse todos os estímulos e sugestões adequados para o melhor desempenho 
na exposição dos motivos em torno do “Reino de Deus”. Era um mensageiro voluntário, 
que descia à Terra para convidar os homens a participar definitivamente de um mundo de 
paz e de harmonia, onde todos seriam limpos de suas mazelas e libertos de seus 
pecados. Deste modo, Jesus teria de movimentar na face do orbe terreno as mais belas 
imagens e idéias fascinantes, no sentido de atrair e comover os seus ouvintes para se 
interessarem pelo amorável “Reino de Deus”. 

Apesar de sua natureza angélica e do seu otimismo espiritual, Jesus também sofria 

os efeitos depressivos próprios das regiões tristes e hostis do mundo físico. Malgrado se 
diga que o ambiente não influi nem modifica o conteúdo espiritual do ser, a emotividade 
e a disposição mental das almas encarnadas dependem consideravelmente das 
condições e das circunstâncias do meio onde elas passam a viver. O Espírito angélico, 
depois de encarnado na Terra, fica limitado em sua natural expansividade e no júbilo 
espiritual, que são próprios do mundo edênico que lhe é peculiar. Em conseqüência, 
Jesus também necessitava de estímulos afins à sua missão e de motivos do próprio 
mundo onde se manifestava, a fim de delinear com mais vitalidade espiritual os 
contornos do mundo venturoso que prometia a todos os seus ouvintes. A narrativa bela 
e atraente de suas parábolas carecia dos recursos estéticos do próprio mundo onde ele 
vivia, pois seriam motivo de atração, estímulo, fé e confiança para os seus ouvintes. 

Não se pode desejar o êxtase do santo, nem exigir do poeta a composição de 

sublime poema, se os colocamos no ambiente repulsivo de um matadouro. Se o meio 
influi na educação do homem, é óbvio que também influi no seu estado de espírito e nas 
suas emoções. As músicas pesarosas são obras de compositores nascidos e vividos em 
países melancólicos, de atmosfera triste, úmida e nevoenta, que enregela a alma e a 
algema aos motivos pessimistas. No entanto, a música alegre, buliçosa e contagiante, é 
originária dos países tropicais, onde as criaturas se fartam de luz, sol, ar e cores 
festivas. 

Eis por que os Mentores do Planeta Terra também resolveram situar o Mestre Jesus 

num cenário poético, ameno e convidativo, farto de luz, poesia e cores, para servir-lhe de 
sugestão encantadora à sua alma e associar-lhe as lembranças semelhantes dos planos 
de beleza e encanto do verdadeiro “Reino de Deus” que lhe cumpria pregar aos homens. 

 
PERGUNTA: — Podereis explicar-nos o caso dessa influência poética do cenário 

terreno sobre Jesus e que deveria ajudá-lo à associação de idéias otimistas em favor 
das pregações do “Reino de Deus”? 

RAMATÍS: — Em face dessa necessidade estética e emotiva, os Mestres Siderais 

planejaram a encarnação de Jesus na Judéia, cuja nação, naquela época, possuía a 
matéria-prima humana mais adequada para efetivar o esquema sacrificial que lhe fora 
traçado desde o berço até a cruz. Entre as regiões mais belas da Judéia, a Galiléia 
oferecia o cenário prenhe de cores, de luz e poesia mais indicado para ser a moldura 
ideal ao quadro messiânico da vida de Jesus. Ainda, na própria Galiléia de então, 
destacava-se a cidade de Nazaré, delicada jóia engastada no cimo dos montes entre 
luzes e matizes fascinantes de suas alvoradas e poentes verdadeiramente celestiais. As 
suas planícies, semelhantes a tapetes de um verde veludoso, partiam dos sopés das 
montanhas e derramavam docemente nas margens prateadas do Jordão e dos lagos 

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