Obviamente, não podia dispensar os apetrechos e as convenções do mundo material, 
onde tinha de se movimentar contando com os recursos naturais de todos os homens. 

Mas a obra de Jesus desenvolveu-se sob os aplausos e o júbilo dos seus mentores 

siderais, pois ele cumpriu integralmente a sua missão redentora da humanidade. Além 
disso, livrou-se das incongruências e das deformações muito comuns a certos líderes de 
povos, que nas suas tarefas deixam-se imbuir pela vaidade, em acirrada defesa da sua 
personalidade humana e muitíssimo preocupados com o possível julgamento da 
posteridade. Cuidam principalmente de exaltar a sua figura transitória no cenário do 
mundo, em detrimento da própria obra de que são responsáveis. Jesus, no entanto, não 
se preocupou com a opinião histórica do mundo, pois devotou-se exclusivamente à 
tarefa de esclarecer o homem e ajudá-lo a libertar-se de suas paixões e instintos 
animais, a fim de despertar-lhes as qualidades íntimas e sublimes do anjo. Num dos 
momentos mais expressivos de sua vida, quando lhe solicitaram para demonstrar suas 
credenciais superiores de Mestre, eis que ele curvou-se humilde e lavou os pés dos 
seus apóstolos. 

 
PERGUNTA: — Desde que Jesus obedeceu a um plano messiânico previamente 

definido, embora aceito por livre vontade, antes de descer à matéria, orientando-lhe todos 
os passos e ações para um fim inexorável, houve um certo determinismo quanto à sua 
crucificação e morte, não é assim? 

RAMATÍS: — O determinismo a que Jesus se submeteu consistiu no fatalismo de 

ele aceitar incondicionalmente todos os sacrifícios inerentes à sua tarefa messiânica 
junto aos homens. O holocausto de sua vida física, motivado pelos conflitos morais e 
reações dos interesses do mundo, era um epílogo tão admissível ou fato inevitável, 
como o de alguém ao pretender salvar a sua família cercada pelas labaredas de um 
incêndio e aceitar resignadamente o fatalismo de morrer queimado entre as chamas. 
Jesus, portanto, decidira-se mergulhar nas chamas das paixões animalizadas 
desencadeadas na face da Terra para salvar a sua família, representada pela própria 
humanidade. 

É indubitável que, mesmo depois de encarnado e em face de seu livre-arbítrio, Jesus 

tinha o direito de recusar-se a cumprir a tarefa aceita espontaneamente no reino do 
Espírito. Mas as virtudes de retidão, abnegação e sacrifício absolutos de seu amor ao 
próximo, e além de si mesmo, eram atributos morais de tal superioridade em sua 
consciência espiritual, que jamais o induziam a fugir de sua missão. Os Mestres do orbe 
tinham certeza de que a sua graduação sideral e dinâmica espiritual eram garantia 
suficiente para fazê-lo cumprir integralmente a vontade do Senhor na face da Terra. 

Jesus, seus discípulos, apóstolos e fiéis amigos atuaram no momento exato e 

decisivo da necessidade psicológica dos terrícolas, de acordo com a visão dos Mestres 
siderais e em consonância com o ambiente moral, social e religioso da época. Todos os 
espíritos ligados ao Mestre Nazareno e participantes do advento do Cristianismo eram 
peças escolhidas com a devida antecedência visando a mais proveitosa movimentação no 
plano redentor da humanidade. Mas embora se tratasse de entidades submissas ao 
compromisso de sacrificarem a própria vida, na carne, em benefício da redenção humana 
planejada por Jesus, a sua graduação moral e espiritual não os livrava de certas 
deficiências próprias do espírito humano, e de modo algum podiam igualar-se à fulguração 
sideral do Espírito de Jesus. 

 
PERGUNTA: — Mas é evidente que se a divulgação do Cristianismo na Terra ficou 

adstrita a um prazo determinado, isso confirma a existência de um plano irrevogável do 
Alto. Não é assim? 

RAMATÍS: — Realmente, o plano da obra liderada por Jesus era “irrevogável” e 

jamais deveria ser modificado após a convocação antecipada de seus cooperadores e do 
seu ajuste aos destinos humanos na face do orbe. Era algo parecido com um jogo de 
xadrez esquematizado com a devida antecedência, onde qualquer movimento precipitado 
ou diferente das peças marcadas no esquema causaria modificações e novos reajustes. 

Mas, apesar do plano do Cristianismo ser irrevogável, os seus elementos eram livres 

e podiam recuar ou alterar suas posições mesmo na hora de sua comprovação espiritual 

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