monte: Passa daqui para acolá; e ele há de passar: e nada vos será impossível”. Buda 
emprega linguagem idêntica: “Com a fé se move o Himalaia”. Segundo diz João (8:12), 
Jesus assim falou: “Eu sou a Luz do Mundo; o que me ama não anda nas trevas mas terá 
a luz da vida”. Buda teria dito a mesma coisa seis séculos antes (Livro do Grande Morto): 
“Depressa a Luz do Mundo se extinguirá, pois o Senhor entrará no Nirvana”. O 
evangelista Marcos (4:2,33,34) atribui estas palavras a Jesus: “A vós outros é concedido 
saber o mistério do reino de Deus, mas aos que são de fora tudo se lhes propõe em 
parábolas. E não lhes falava sem usar parábolas”. Buda diz (Diálogo 143-CT 28): “Ao pai 
de família nenhum discurso religioso é revelado; só é revelado aos eremitas”, isto é, aos 
adeptos, aos seguidores ou discípulos. 

Ao narrar a chamada “Tentação de Jesus”, diz o evangelista Marcos (1:35): “E foi 

Jesus a um lugar deserto, e ali fazia a sua oração”, e adiante (6:46): “Retirou-se a um 
monte, a fazer a oração”, e mais adiante (14:37): “Simão, dormes? Não pudeste vigiar uma 
hora”; e mais (14:40): “E tornando a vir, achou-os outra vez a dormir”. Nestes textos 
evangélicos verifica-se uma analogia profunda com o fato de Buda retirar-se para o 
deserto, onde também fica isolado, na oração solitária: “Foi para o deserto; vigiou só, 
durante a primeira hora”. 

Moisés jejuou quarenta dias no deserto e foi tentado pelo povo, que preferia o bezerro 

de ouro; Buda jejuou vinte e oito dias e Maya o tentou; Zoroastro, no deserto, foi 
provocado por Ahrimã; e Jesus foi para o deserto, jejuou, e Satanás ofereceu-lhe reinos e 
tesouros para o tornar senhor do mundo. Quantas controvérsias religiosas têm provocado 
esses episódios, consecutivamente atribuídos a todos os missionários? Que vale essa 
teimosia em fazer o Mestre jejuar no deserto e repelir Satanás, quando a sua força estava 
presente, minuto a minuto, no seu amor aos desgraçados, no seu perdão aos algozes e 
na sua renúncia à vida, para vencer a morte? 

Ainda hoje se conturbam as religiões católica, protestante, adventista e seus 

discípulos, por causa da simples cerimônia de Jesus se deixar batizar no rio Jordão, por 
João Batista, o que, aliás, também acontecera com Buda, em Savathi, na Índia, 
consagrado por um iogue chamado Sangaravo. No entanto, cessariam todos os 
conflitos, aprovar-se-iam todos os esforços religiosos e extinguir-se-ia toda crítica 
desrespeitosa se atendesse, de verdade, a esta simples sentença de Jesus: “Ama a 
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo!” 

Não importa que mil outros profetas tenham dito a mesma coisa, em outras palavras 

ou dialetos. Ninguém se anima a protestar contra essa força poderosa que sustém todo 
pensamento crístico, porque o Mestre viveu integralmente todos os seus ensinos. E é 
nisso que consiste o seu valor e a sua glória, que dispensam milagres, alegorias, mitos, 
tabus e interpolações feitas nos evangelhos. Mesmo no século XX, os missionários 
modernos, das instituições espiritualistas, fraternidades e movimentos religiosos, 
continuam a repetir o que já disseram Jesus e seus precursores, pois o seu trabalho é o 
de renovar o espírito da Verdade que viceja sob tais ensinamentos. 
       O conteúdo do ensino de Jesus, que constitui o seu Evangelho, fulgura, expande-se e 
forma a cúpula radiosa da libertação espiritual, porque a sua figura central, o esperado 
Messias, realmente viveu a vida que aí define o tipo superior do Homem-Luz. 
 

 
 

 
 
 
 
 
 

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