conceitos e máximas em torno de um Jesus fictício, jamais alguém descobriria fonte de
moral mais pura e reserva de ensinamentos mais elevados para a salvação e ajuste da
humanidade. Todos os esforços, atos, sonhos, ideais e intenções que os homens
empreenderam para a conquista de virtudes sublimes ou de amorosa confraternização,
já se encontravam expressos no Código Superior do Evangelho. Malgrado as
interpolações, incoerências, lendas, contradições ou arranjos sobre o que disse e viveu
Jesus, jamais alguém poderá minar a contextura sublime do Evangelho, que é fruto
inconfundível da Inspiração Divina.
No entanto, o que deveria surpreender os próprios críticos ou desfiguradores da obra
de Jesus, é que os evangelhos se originaram de anotações pessoais de sua vida e dos
seus ensinos entre um povo cativo e primário. Quem poderia pressupor, naquela época,
que um singelo grupo de pescadores, campônios e gente de má fama, ao registrarem os
exemplos e os ensinamentos do seu querido rabi e mestre, estavam compondo a obra
moral e educativa mais fabulosa para a modificação histórica e redenção espiritual da
humanidade?
PERGUNTA: — Como pôde Jesus assimilar tantos conhecimentos sobre o homem,
sem um curso acadêmico ou disciplina filosófica do mundo, tão necessária para os mais
abalizados pensadores?
RAMATÍS: — A humanidade profana ainda ignora o curso iniciático da vida de Jesus
em que José de Arimatéia foi o seu cicerone dedicado e fiel. O jovem Jesus, além das
intuições do mundo que a sua própria alma já aprendera, rebuscou todos os movimentos
espiritualistas e iniciáticos da época, na Judéia, e nações circunvizinhas; motivo porque
a sua vida é cheia de hiatos e períodos desconhecidos dos seus mais fiéis biógrafos. Ele
investigava e inquiria sobre todas as práticas da velha iniciação habitual na Índia, no
Egito e na Grécia, e seu espírito assimilava, com incrível rapidez, todo o conteúdo
iniciático de cada escola. Descobria com facilidade as raízes fundamentais do ritualismo
simbólico e, embora jovem, os seus conceitos já valiam tanto quanto a palavra de muitos
Mestres de sua época. Entre os essênios, ele se distinguia pelo profundo respeito a
todos os credos e movimentos espiritualistas; a sua apreciação ao trabalho religioso no
mundo era de absoluta universalidade. Os velhos anciãos dos santuários situados nas
grutas dos montes Horeb, Carmelo, Moab e Tabor afirmavam que se tratava de um
jovem destinado a alguma extraordinária e importante missão entre os homens. E
opinavam que ele deveria entregar-se a uma tarefa de esclarecimentos das multidões.
No entanto, o jovem Jesus, quer pela sua humildade ou porque achava prematura
qualquer decisão em tal sentido, preferia silenciar a respeito. Algumas vezes, quando se
fazia maior a insistência dos mestres essênios, então respondia-lhes que “se for da
vontade do Pai que está nos céus, Ele me indicará a hora de minha missão!” Não se
considerava um ente superior nem o melhor de todos, mas apenas uma criatura
incendida por um ideal que era incomum à maioria dos homens.
Aliás, as barreiras fluídicas que separam o mundo espiritual do terráqueo impediam-
lhe a posse completa da sua extraordinária consciência, pois ele submetia-se
disciplinadamente à Lei que viera cumprir. Sua juventude era povoada de êxtases e
visões, embora, por isso, muitas vezes fosse ridicularizado e refutado na sinagoga, pois
os velhos rabis, conservadores, protestavam contra suas idéias avançadas. E nesse
ambiente hostil aos seus conceitos, já o consideravam um visionário, porque afirmava
que o Deus de Israel também abençoava os romanos e os infiéis.
Jesus sentia em si assombrosa e estuante força que o conduzia a um objetivo
superior, de implacável renúncia. Por vezes antevia, no imo da alma, a fugaz imagem do
seu futuro sacrifício programado pelo Alto. Mas, com o tempo, foi-se habituando a falar
com absoluta confiança sob o impulso diretor do Ego Superior e, à medida que o seu
espírito emergia cada vez mais lúcido, dominando a potência escravizante da carne,
abriam-se-lhe clareiras do entendimento espiritual em favor da humanidade.
PERGUNTA: — Quais foram as fontes humanas que, na Terra, auxiliaram Jesus
quanto à cultura e ao desembaraço com que sempre enfrentou a capciosidade dos
fariseus e a desconfiança dos ricos e poderosos?
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