saturando as cordas vocais nos mudos, sensibilizando sistemas auditivos, desatrofiando
tímpanos, curando surdos. A influência excitante e criadora que o olhar do faquir exerce
sobre a semente enterrada no solo para obrigá-la a dinamizar suas energias ocultas e
crescer apressadamente, Jesus também a exercia, através do poder assombroso e
dinamizador do seu olhar. Um corpo chagado tornava-se limpo no prazo de alguns
minutos, sob o energismo incomum que o Mestre projetava na alma e no organismo dos
enfermos.
Mas insistimos: era um processo que não causava espanto nem ultrapassava o
entendimento comum de Jesus sobre as leis criadoras e não surpreendia os anjos que o
acompanhavam na sua peregrinação sobre a face da Terra. Jesus lidava sensatamente
com as forças regidas pela física transcendental, embora fosse a fonte doadora dos fluidos
que temperava com seu sublime amor. Por isso, ao terminar as suas curas, ele ficava num
estado de visível exaustão, pálido e trêmulo, recompondo-se aos poucos, graças também
ao recurso da prece e o auxílio dos seus amigos espirituais.
PERGUNTA: — Que dizeis do milagre em que foi encontrada uma moeda na boca
do peixe, após Jesus ter prevenido Pedro de que isso aconteceria ao pescar?
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RAMATÍS: — Trata-se de uma linguagem figurada baseada numa anedota de
pescadores e que Jesus usou-a para ilustrar um ensinamento a Pedro, o qual vivia
sempre se arreliando com os estranhos que lhes faziam perguntas capciosas contra seu
Mestre.
PERGUNTA: — E quanto às curas do endemoninhado geraseno e do jovem
lunático, que constam dos evangelhos de Mateus, Lucas e Marcos?
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RAMATÍS: — Entre os próprios evangelistas existe certa diferença no relato de tais
acontecimentos, pois enquanto Mateus resume os fatos desinteressando-se até com o
que passa com os curados, refere-se a dois endemoninhados gerasenos, em vez de um,
Lucas e Marcos são bastante minuciosos sobre um só possesso. Em verdade, Jesus
curou a dois possessos gerasenos, cujos espíritos obsessores, ao serem interpelados,
responderam-lhe que eram uma “legião” atuando naquela gente.
No entanto, é absurda e falsa a narrativa em que se atribui a Jesus a estultice de
fazer tais espíritos entrarem nos porcos, “cuja manada era cerca de dois mil e se
precipitou despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram”. O mestre
havia ordenado: “Espírito imundo, sai desses homens”. E assim que lhe responderam
que “eram uma legião” (de obsessores) Jesus acrescentara: “Vai-te destes homens, pois
o espírito imundo não mora nos homens, mas nos porcos!” Toda vez que se atribui
violência, irascibilidade ou desforra ao excelso e bondoso espírito do Sublime Jesus,
embora isso conste nos evangelhos autorizados, não deve ser aceito, pois o seu caráter
era generoso e tolerante. Assim, a narrativa dos endemoninhados gerasenos é uma
incongruência que desmente a natureza elevada do Mestre. Jamais Jesus concorreria
para dar um prejuízo tão vultoso aos porqueiros que conduziam a manada de dois mil
porcos em direção à cidade, fazendo-os afogarem-se ao transferir-lhes a legião de
obsessores.
PERGUNTA: — Há fundamento na assertiva de que Jesus caminhava “sobre as
águas”?
RAMATÍS: — Ainda hoje, na Índia, não é muito difícil encontrarem-se indivíduos que
conseguem realizar o prodígio de andar sobre as águas, caminhar sobre cacos de vidros
acerados e deitar-se em braseiros sem quaisquer danos, pois a matéria não passa de
energia condensada do mundo oculto, que pode ser dominada pelo homem, conforme a
vossa ciência vos prova dia a dia. Mas é preciso distinguirmos a função de um
prestidigitador que surpreende o senso comum das criaturas operando fenômenos
exóticos, com a “missão” de um Espírito do quilate de Jesus. O primeiro pode tornar-se um
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Mateus, 17:24-27.
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Mateus, 8:28-34 e 17:14-21; Marcos, 5:1-20 e 9:14-29; Lucas, 4:33,34,35,41 e 9:37-42.
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