temperamento dos crentes primários, ainda incapacitados para se ajustarem à matriz 
religiosa original, é suficiente um indivíduo fanático, excêntrico ou tomado de arroubos 
messiânicos, iniciar um movimento religioso, por mais fantasioso ou ridículo, para que, em 
seguida, não tardem a aparecer adeptos que levarão a sério o empreendimento absurdo, 
convencidos de que encontraram a única Verdade. Daí a inutilidade das discussões 
religiosas quanto a fixar-se a religião mais certa, uma vez que essa condição é 
dependente, primordialmente, da compreensão e do grau de cultura dos próprios adeptos. 
Porém, a despeito dessa diversidade de credos, o Cristianismo é a única Religião 
Universal prevalecente, no futuro, porque suas bases são absolutamente inconfundíveis e 
imodificáveis. Mesmo que a humanidade alcance o mais alto índice de cultura e sabedoria, 
jamais repudiará conceitos cristãos como o “ama ao próximo como a ti mesmo” ou “faze 
aos outros o que queres que te façam”! 

Em qualquer posto de comando ou grau de cultura, os fundamentos do Cristianismo 

continuarão inalteráveis, porquanto aconselham ou determinam um “estado de espírito” 
superior na criatura humana, qualquer que seja a sua raça, inteligência ou posição 
social. É uma doutrina que se ajusta ao anjo, ao selvagem, ao senhor, ao escravo, ao 
rico, ao pobre, ao santo, ao criminoso, ao sábio e ao ignorante. 

Há muitos séculos, os precursores de Jesus têm ensinado máximas semelhantes. 

Porém, nenhum deles conseguiu consolidá-las em bases indestrutíveis no entendimento 
comum de todos os homens. “Ama ao próximo como a ti mesmo” é sentença de fulgência 
moral eterna, pois o seu sentido fraterno envolve toda humanidade. Jesus, portanto, 
fundou a Religião definitiva ou a doutrina imutável da atualidade e do futuro; deu-nos o 
meio de relações espirituais entre a criatura e o seu Criador, a qualquer momento e em 
qualquer latitude geográfica. As contradições que ainda existem entre os religiosos que 
cultuam o Cristianismo ou desmentem seus conceitos sublimes são frutos de 
interpretações pessoais e especulações religiosas, que se distanciam da fonte iniciática 
por força de convicção fanática ou presunção. Ninguém poderá “fundar” ou “inventar” 
outro credo mais sábio, justo e sadio do que o Cristianismo, cujo alicerce, o Evangelho, é 
um Código divino que, através de seus conceitos de alta moralidade, é um reflexo vivo 
das próprias leis do Cosmo.

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O Cristianismo baseado nas fórmulas do Evangelho, imutável no tempo e no espaço, 

dispensa que alguém lhe altere uma vírgula ou um til na sua estrutura doutrinária. Jesus, 
seu fundador, deve ser considerado o mais elevado instrutor espiritual do orbe, acima de 
seus precursores, embora estes sejam dignos do tributo devocional, visto terem-lhe 
preparado o caminho messiânico. Embora o Budismo seja um movimento ético-religioso 
de elevado alcance espiritual, falta-lhe aquela tonalidade da amplitude universal do 
Cristianismo. Enquanto, para ser cristão dentro da ética pregada por Jesus, o homem de 
qualquer raça ou posição social pode aceitar e viver os seus princípios, o Budismo está 
confinado a uma espécie de limitação geográfica, a um temperamento de raça e gosto. 
Enquanto o oriental pode ser tão cristão quanto o ocidental, o asiático será sempre um 
“melhor” budista do que o latino, o eslavo ou o germânico. 

 
PERGUNTA: — Mas diversos espiritualistas do Ocidente afirmam que Buda é ainda 

mais evoluído do que Jesus. Que nos dizeis da doutrina de Buda? 

RAMATÍS: — Não há dúvida de que Buda é um Instrutor de alta categoria espiritual, 

cujos ensinamentos extinguem as ilusões da mente e livram o homem do temor da morte. 
Ele também procurou confortar os desanimados, erguer os fracos e consolar os aflitos, 
pois sua mensagem tinha algo da “Boa Nova” pregada por Jesus. Jovem e príncipe, Buda 
não hesitou em renunciar aos fulgores e prazeres da corte de Kapilavastu, a fim de 
procurar a verdade redentora da vida humana. Ele advertiu que “a glória do mundo é 
como uma flor esplêndida pela manhã e murcha à tarde.” Sua alma entristeceu-se diante 
das desilusões e das dores da existência humana, em que nada é duradouro e tudo 
termina aparentemente sob a laje fria da tumba. Depois de usufruir dos prazeres e do 
conforto próprios de sua estirpe real, ao tomar contato com as realidades do mundo além 

                                                        

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 A esse respeito, Ramatís está ditando-nos a obra 

O Evangelho à Luz do Cosmo

, na qual estuda o cientificismo das 

máximas e dos conceitos do Evangelho. 
 

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