do espírito antes da época messiânica, quer ajustando-o, pouco a pouco, no cipoal das 
contradições próprias do mundo terreno. 

Mais tarde, o próprio Jesus percebeu que lhe fora de vital importância o frenamento 

de suas exaltações místicas, graças às ponderações e aos esclarecimentos sensatos de 
seu pai. José não opôs qualquer obstáculo ao ministério messiânico de seu filho, nem 
mesmo ao ideal de qualquer outro filho, embora fosse algo despótico no tocante à 
disciplina e à moral da família. Em seus últimos dias, graças a incessante inspiração do 
Alto, ele chegou a compreender que Jesus era realmente criatura de estirpe superior e 
que ninguém jamais poderia desviá-lo do rumo heróico e redentor. Apercebeu-se, enfim, 
de que o filho era um jovem diferente dos demais moços de sua época. As 
excentricidades e a rebeldia de Jesus em sua infância passaram a ser compreendidas 
como a manifestação singular de um temperamento indomável e severo, porém, terno e 
tolerante na mocidade. 

José não era espírito bronco e insensível à verdadeira natureza de seu filho Jesus, 

pois sondou-lhe todos os desígnios e procurou conhecer-lhe o seu ideal sublime, que o 
movia no mundo, estritamente em favor da ventura espiritual dos homens. Assim, fez-se 
mais íntimo do filho e tornou-se seu confidente fiel, afeiçoando-se, cada vez mais, aos 
seus propósitos em redimir a humanidade e oferecer a própria vida na consecução de tal 
evento. 

José também amava o próximo e sentir-se-ia feliz em servir o Senhor em qualquer 

empreitada espiritual. No entanto, sob a força emotiva do amor paterno, ele sofria ao 
verificar que Jesus, um prolongamento do seu sangue e de sua carne, era um moço que 
abandonava tudo no mundo, inclusive a composição de um lar afetivo e justo a que tinha 
direito todo o ser humano. Tantas criaturas haviam beneficiado o mundo e não se 
isolaram da família e dos preceitos da vida em comum. 

Inúmeras vezes, José via Jesus silencioso e meditativo, recostado nos moirões da 

cerca ou apoiado sobre as vigas de madeira da carpintaria. Porém, o suor que se notava 
em seu rosto, a respiração opressa e o seu olhar febril, traíam os pensamentos 
inusitados que lhe ardiam na mente. E quando ele cerrava os olhos em atitude de 
profunda meditação, seu corpo estremecia por efeito de uma angústia íntima, num 
movimento aflitivo, semelhante ao da ave que está impedida de subir às alturas no seu 
vôo sem limites. 

 
PERGUNTA: — Ser-vos-á possível dar-nos minúcias de algum diálogo mais íntimo 

entre José e Jesus? 

RAMATÍS: — Todos os acontecimentos ocorridos com o Mestre Jesus, desde o seu 

nascimento até a sua crucificação, ficaram vivamente gravados no Éter que impregna o 
Universo ou “Akasha”, como é mais conhecido pelos orientais, no qual se gravam todos os 
fenômenos do mundo material, graças a um processo de auscultação psicométrica, que 
ainda escapa à vossa compreensão atual. Portanto, é possível captarmos aqui, no 
Espaço, as reminiscências e minúcias de todos os acontecimentos já ocorridos na Terra, 
desde a sua criação até o momento em que ditamos estas mensagens. Assim utilizaremos 
esse processo sideral para nos sintonizarmos com a freqüência vibratória da faixa 
psíquica da vida de Jesus e de José, focalizando-os na Judéia, há dois mil anos. 

José, no final de sua existência devido à sua avançada sensibilidade espiritual, 

apercebeu-se de que Jesus era realmente um ser superior e que ele, como pai, também 
era parte na obra messiânica do seu filho. Aliás, o Alto desejava que ele pressentisse a 
tarefa de Jesus antes de partir do mundo terráqueo. Certa vez, José sentiu-se 
confrangido ante aquela aflição incontida que se manifestava, amiúde, em Jesus, pois 
desconhecia que se tratava de uma ansiedade espiritual incomum e não de qualquer 
desajuste psíquico. Então, achegou-se a ele e indagou afetuosamente. 

— Jesus! Qual é o motivo de tua aflição e desse sofrer constante? 
Seu filho demorou-se em responder; porém, seus olhos, doces e serenos, traíam 

profunda concentração espiritual. Em seguida, exclamou, sem qualquer mágoa ou 
queixume: 

— Tu não podes compreender a minha aflição, porque eu vivo a vontade de meu 

Pai que está nos céus e só Ele sabe o motivo de minhas preocupações! 

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