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Jesus e Maria de Magdala
PERGUNTA: — Qual foi a natureza da afeição entre Maria Madalena e Jesus?
RAMATÍS: — Maria de Magdala, natural de Galiléia, era jovem e muitíssimo
formosa, além de famosa cortesã, que acendia o fogo das paixões em muitos homens
da mais alta categoria administrativa e social de Jerusalém. Movida por um sentimento
de curiosidade e, ao mesmo tempo, de ansiedade espiritual, ela procurou conhecer o
rabi de sua terra, cuja fama de redentor de almas já atingia as cidades mais populosas.
De princípio, ela dirigiu ao Mestre olhares insistentes, irônicos e quase desafiadores.
Conhecedora profunda dos sofismas e das capciosidades dos homens, que eram
capazes de tripudiar sobre as coisas mais puras para satisfazerem suas paixões
animais, gostaria de conhecer a fundo a natureza passional daquele homem belo,
sereno, mas humano. Ante seus olhares provocadores, Jesus não trepidou em sua
habitual serenidade; mas devolveu-lhe um olhar de censura espiritual tão profunda, que
ela vacilou, confusa, quase que envergonhada. Dali por diante passou a segui-lo,
acompanhada de sua mãe e dissimulando, pouco a pouco, a sua exuberante beleza de
formas, na auforia dos seus 24 anos de idade. Acompanhou o Mestre em sua última
visita a Nazaré e esteve presente na casa de Simão, em Betânia, conquistando, pouco a
pouco, as amizades dos familiares como Eleazar, Alfeu, Marta e Salomé. No entanto,
era a Maria, a mãe do amorável rabi, que ela mais se afeiçoara, pois sentia necessidade
de um afeto puro. Sua alma prendia-se cada vez mais àquele pregador que todos
apontavam casto, sem mácula e de coração tomado pelo mais puro e grandioso amor ao
gênero humano. Então, tratou a “doce” Maria com toda ternura e sob os mais delicados
sentimentos de lealdade e homenagem espiritual. Mas ainda não conseguira esconder o
remorso da primeira vez em que se defrontava com Jesus e lhe endereçou um olhar
provocante, algo malicioso, como a duvidar de sua pureza de homem íntegro e
desapegado dos bens do mundo. Devotou-se com o máximo de solicitude para apagar
aquela primeira impressão desairosa semeada na alma do Mestre, e não se encorajava
de enfrentar-lhe novamente o olhar sereno, afetuoso e despido de qualquer desejo
menos digno.
Finalmente, um dia sua alma inundou-se de júbilo e encanto, pois ela cruzou o olhar
de Jesus e teve a coragem de fitá-lo com suave insistência; mas o fez tomada por
profunda timidez, sem a ostensividade da mulher que se sabe formosa e atrativa.
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