19. 

Jesus e Maria de Magdala 

 
 
 
 
 
 

 
PERGUNTA: — Qual foi a natureza da afeição entre Maria Madalena e Jesus? 
RAMATÍS: — Maria de Magdala, natural de Galiléia, era jovem e muitíssimo 

formosa, além de famosa cortesã, que acendia o fogo das paixões em muitos homens 
da mais alta categoria administrativa e social de Jerusalém. Movida por um sentimento 
de curiosidade e, ao mesmo tempo, de ansiedade espiritual, ela procurou conhecer o 
rabi de sua terra, cuja fama de redentor de almas já atingia as cidades mais populosas. 
De princípio, ela dirigiu ao Mestre olhares insistentes, irônicos e quase desafiadores. 
Conhecedora profunda dos sofismas e das capciosidades dos homens, que eram 
capazes de tripudiar sobre as coisas mais puras para satisfazerem suas paixões 
animais, gostaria de conhecer a fundo a natureza passional daquele homem belo, 
sereno, mas humano. Ante seus olhares provocadores, Jesus não trepidou em sua 
habitual serenidade; mas devolveu-lhe um olhar de censura espiritual tão profunda, que 
ela vacilou, confusa, quase que envergonhada. Dali por diante passou a segui-lo, 
acompanhada de sua mãe e dissimulando, pouco a pouco, a sua exuberante beleza de 
formas, na auforia dos seus 24 anos de idade. Acompanhou o Mestre em sua última 
visita a Nazaré e esteve presente na casa de Simão, em Betânia, conquistando, pouco a 
pouco, as amizades dos familiares como Eleazar, Alfeu, Marta e Salomé. No entanto, 
era a Maria, a mãe do amorável rabi, que ela mais se afeiçoara, pois sentia necessidade 
de um afeto puro. Sua alma prendia-se cada vez mais àquele pregador que todos 
apontavam casto, sem mácula e de coração tomado pelo mais puro e grandioso amor ao 
gênero humano. Então, tratou a “doce” Maria com toda ternura e sob os mais delicados 
sentimentos de lealdade e homenagem espiritual. Mas ainda não conseguira esconder o 
remorso da primeira vez em que se defrontava com Jesus e lhe endereçou um olhar 
provocante, algo malicioso, como a duvidar de sua pureza de homem íntegro e 
desapegado dos bens do mundo. Devotou-se com o máximo de solicitude para apagar 
aquela primeira impressão desairosa semeada na alma do Mestre, e não se encorajava 
de enfrentar-lhe novamente o olhar sereno, afetuoso e despido de qualquer desejo 
menos digno. 

Finalmente, um dia sua alma inundou-se de júbilo e encanto, pois ela cruzou o olhar 

de Jesus e teve a coragem de fitá-lo com suave insistência; mas o fez tomada por 
profunda timidez, sem a ostensividade da mulher que se sabe formosa e atrativa. 

122