sensatamente sobre as premissas mais difíceis da psicologia e filosofia humanas. De um 
punhado de idéias, era como um jardineiro genial, que de um buquê de flores conseguisse 
descrever o aspecto formoso e o perfume encantador de todo o jardim policrômico. 

Jamais Jesus precisou seguir os mesmos métodos didáticos dos homens terrenos, 

pois sua alma, como divina esponja sidérea, abrangia a síntese da vida terrena em toda 
sua força e manifestação educativa. Sabendo e podendo acumular em si mesmo o 
“quantum” da vida “psicofísica” que o cercava nos dois planos, o oculto e o material, logo 
desenvolveu-se nele a força e a capacidade para ser o guia inconfundível dos homens 
ainda cegos pela sede de ouro, violência e ardor das paixões. Por isso, logo afirmou com 
segurança e o fez com êxito: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” e “Quem não for 
por mim, não irá ao Pai que está nos céus”. 

Jesus, em verdade, anjo e sábio, formava o mais avançado binômio sidéreo no mundo 

material. Não existe, jamais existiu filósofo, líder religioso ou Instrutor Espiritual sobre a 
Terra, que tenha vivido em si mesmo uma realização tão integral como ele a viveu. 
Ninguém poderá igualá-lo em fé, coragem, renúncia e amor, pois além do seu 
desprendimento aos bens do mundo, dominou completamente as paixões humanas. 

O Cristo-Jesus, portanto, ontem, hoje e amanhã, será sempre o Mestre insuperável, 

porém, o homem sadio e perfeito, não o enfermo classificado pela patologia médica ou o 
espírito sob o rigor da retificação cármica. 

 
PERGUNTA: — Certos estudiosos da vida de Jesus chegam a afirmar que ele era 

analfabeto, motivo por que nada deixou escrito nem se sabe se ele escreveu algo. Há 
qualquer fundamento nessa afirmação? 

RAMATÍS: — Se até Pedro, que era um rude pescador, sabia ler e escrever, como 

não o saberia Jesus? O Mestre era escorreito na linguagem e, quando escrevia, 
estereotipava na precisão dos caracteres gráficos a exatidão do seu pensamento e a 
poesia do seu sentimento. Exato, lógico e parcimonioso na sua grafia, não empregava 
uma vírgula além do necessário. Se um grafólogo moderno examinasse os seus escritos, 
teria descoberto o homem perfeito, em que a retidão, a sinceridade, o espírito de justiça e 
o amor absoluto se mostrariam harmonizados na tessitura das frases límpidas de 
atavismos ou artifícios supérfluos. 

A grafia de Jesus era um tanto nervosa, mas revelando altíssima sensibilidade e 

sem perda do domínio mental os caracteres claríssimos, distintos e alinhavados em 
perfeito equilíbrio. Tanto no falar como no escrever, Jesus era avesso à verborragia, à 
logomaquia peculiar dos pseudo-sábios ou políticos terrícolas, que tecem exaustivos 
circunlóquios para expor, mas se perdem pela dramaticidade das idéias mais prosaicas. 
Jesus escrevia pouquíssimo, e por uma razão simples: sabia dizer em meia dúzia de 
vocábulos aquilo que a complicação do pensamento humano só o pode fazer esgotando 
páginas extensas. Reto no pensar, no falar e no escrever, um ponto tirado à sua escrita 
lembrava uma parede afastada do seu prumo. Basta observarmos a precisão do Sermão 
da Montanha, a composição do “Ama o próximo como a ti mesmo” ou “Buscai e 
achareis”, para se verificar que tais conceitos evangélicos dispensam qualquer novo 
acréscimo de adjetivos ou ornamento para sua maior valiosidade, assim como jamais 
podem dispensar uma letra de sua estrutura vocabular. 

 
PERGUNTA: — Há alguma prova de que Jesus soubesse escrever? 
RAMATÍS: — É justamente num dos momentos mais importantes, lembrados em sua 

mensagem evangélica, que se observa Jesus a escrever. Diante da mulher adúltera, sua 
divina mão traçou na areia as palavras de censura, reveladora das mazelas daqueles 
escribas e fariseus que queriam apedrejá-Ia (João, 8:3-11): “O que de vós outros está 
sem pecado, seja o primeiro que a apedreje.” Silenciosamente, enquanto alguns dos 
mais ousados perseguidores da adúltera fizeram mensão de atirar-lhe pedras, o Mestre 
apanhou uma vara frágil e traçou no solo as palavras “trapaceiro”, “hipócrita” e “perjuro”, o 
que fez recuar a turba dos julgadores. 

Jesus vivia o que pensava e pensava o que vivia, por isso não precisou deixar 

compêndios doutrinários. Antevendo o sofisma e a astúcia do homem — inescrupuloso 
quando procura garantir os seus exclusivos interesses — o Mestre preferiu deixar que 

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