hostilizava. As trevas vigiavam-no incessantemente para desfechar o ataque perigoso à 
sua delicadíssima rede neurocerebral, a fim de lesá-lo no contato sadio com a matéria, e 
isto só era impedido graças aos seus fiéis amigos desencarnados. Jamais alguém, no 
Espaço ou na Terra, poderia ofender ou lesar a contextura espiritual de Jesus, tal a sua 
integridade sideral, mas não seria impossível atingir o seu equipo carnal. 

Não há dúvida de que os bons só atraem os bons fluidos e acima de tudo ainda 

merecem a companhia e a proteção dos bons espíritos, mas é conveniente meditarmos 
em que, nem por isso, estamos livres da agressividade dos espíritos maléficos, que não 
se conformam em sofrer qualquer derrota espiritual. 

 
PERGUNTA: — Não se poderia deduzir que essa proteção extraordinária e 

poderosa sobre Jesus também deveria estender-se a todas as criaturas benfeitoras e 
assim livrá-las definitivamente das investidas maléficas do mundo oculto? 

RAMATÍS: — Sem dúvida; isso é racional e justo; porém, é essencial que tais 

criaturas façam por merecer essa proteção superior, assim como a merecia Jesus. 

 
PERGUNTA: — Quais foram as emoções ou as reações mais comuns de Jesus, na 

sua meninice? 

RAMATÍS: — Até os sete anos, como acontece a quase todos os meninos na vida 

material, predominavam em Jesus os ascendentes biológicos herdados dos seus 
genitores. Em tal época, ele ainda agia impelido pelo instinto hereditário de ancestralidade 
carnal, enquanto o seu espírito despertava, pouco a pouco, na carne, para então 
comandar o corpo emocional ou astralino, revelador oculto das emoções humanas. 
Fisicamente, Jesus era um menino corado, ágil e flexível, tal qual o junco verde que se 
agita sob a mais terna brisa; ele corria pelos campos, rolava pelas colinas misturando-se 
às cabriolas dos cordeiros e dos cabritos, que pareciam entendê-lo e gostar do seu riso 
farto e da sua índole meiga. Havia um halo de pureza e lealdade em tudo o que ele fazia; 
e muitas vezes, as criaturas envelhecidas no mundo, observando-lhe a agudeza mental, o 
sentimento superior e a simplicidade fraterna no brincar e viver, meneavam a cabeça 
agourando a má sorte para sua mãe apreensiva, quando diziam: “Menino assim não se 
cria; este nasceu antes da época!” 

Jesus era divertido e espontâneo em suas travessuras; porém, sem humilhar nem 

maltratar os companheiros ou animais. Jamais urdia qualquer brincadeira maliciosa que 
pusesse alguém em confusão ou prejudicasse outros meninos. Sincero, franco e justo, 
revelava-se inteiriço na sua estatura de alma benfeitora e amiga da humanidade. Educado 
com severidade por José, era tímido e temeroso diante dos pais, cuja obediência o 
tornava um bom menino. No entanto, desde muito cedo lavrava em sua alma a chama do 
mais puro amor e devoção ao Senhor. Inúmeras vezes era apanhado em atitudes 
extáticas numa adoração invisível, que deixava seus íntimos algo surpresos e até 
preocupados pois era muito cedo para haver tamanha demonstração de fé e ardor 
religioso por Jeová. Essas atitudes que seriam louváveis nos adultos, então se tornavam 
motivos de censuras e até de ironias por parte dos seus familiares e amigos. 

Ao completar sete anos, os seus familiares ficaram apreensivos com ele, em face da 

estranha melancolia que o acometera, pois algo se revelara dentro dele e lhe roubava a 
plenitude comum de alegria. No entanto, era o período em que o corpo astralino se 
ajustava ao organismo físico e se consolidava junto do duplo etérico constituído pelo 
éter físico da Terra. 

Dali por diante, como acontece com todas as crianças depois dos sete anos, Jesus 

passava a contar com o seu “veículo emocional”, e que o faria vibrar com mais 
intensidade no cenário do mundo e na responsabilidade na carne. Aliás, é de senso 
comum que as crianças são “inocentes” até os sete anos, porque a voz popular 
pressente que o espírito encarnado ainda não conta com o veículo emocional para 
expressar suas emoções sob o controle espiritual. Até essa idade domina apenas o 
instinto puro e os ancestrais hereditários, sem obedecer ao comando do Espírito. 

Assim, conforme a própria lei do cientificismo cósmico, daquela idade em diante 

Jesus começava a consolidar mais fortemente a sua consciência humana, enquanto o 
seu Ego Sideral se punha em maiores relações com os fenômenos da matéria. O seu 

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