conterrâneos. Assim, manipulavam o material hostil produzido pelas mentes insatisfeitas
diante da gloriosa figura daquele ser, com a intenção de turbar-lhe os sentidos nervosos e
o comando cerebral.
Então, a sua respiração tornava-se aflitiva e o seu coração se afogueava; o sistema
hepatorrenal apressava-se a eliminar qualquer tóxico que se materializasse decorrente de
condensação de fluidos ferinos. O menino Jesus, num impulso instintivo, corria, célere,
para longe do bulício dos seus companheiros e se deitava, exausto, sobre a relva macia, ou
à beira do regato, debaixo das figueiras, ou ainda entre os arbustos umedecidos, como se o
orvalho e o perfume das florinhas silvestres pudessem lhe refrigerar a mente incandescida.
Mas em tais momentos ele era alvo dos cuidados e atenções do anjo Gabriel e de
suas falanges, que então o aconselhavam a buscar o refúgio no seio da Natureza amiga
durante suas crises emotivas ou opressões astralinas. Ali, esses sublimes amigos
podiam manipular extratos vitalizantes e fluidos protetores apanhados dos duplos
etéricos do regato, das flores e dos arvoredos benfeitores, que se transformavam em
energias terapêuticas, imunizando-o contra os dardos ofensivos dos espíritos trevosos.
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Em breve se fazia o desejado desafogo espiritual e o menino voltava tranqüilo a retomar
os brinquedos, sem poder explicar aos companheiros o motivo de suas fugas
intempestivas.
PERGUNTA: — De acordo com as vossas próprias mensagens, em que o espírito
sublime só atrai bons fluidos, como se explica a necessidade de tantos cuidados e
proteções ao menino Jesus, quando ele era um anjo exilado na Terra?
RAMATÍS: — Dissestes muito bem: “Jesus era um anjo exilado na Terra”, isto é, um
anjo fora dos seus domínios e submerso num escafandro de carne, que o reduzia em
seu potencial angélico. Já citamos, alhures, o conceito popular de que “entre espinhos, o
traje de seda do príncipe rasga-se mais facilmente do que a roupa de couro do aldeão”.
Isso implica considerarmos que tanto quanto mais delicado é o ser, mais ele também é
afetado pelas hostilidades próprias do meio onde vive. O beija-flor sucumbe asfixiado
quando é atirado no charco de lama, enquanto, a seu lado, o sapo canta de júbilo.
A criança lactente ainda nada pensa de mal, no entanto, é sensível aos maus fluidos
da inveja ou do ciúme projetados sobre sua organização tenra, os quais mais tarde são
eliminados graças ao socorro dos benzimentos da velhinha experimentada. Aliás,
ninguém se basta por si mesmo, nem o próprio Jesus, pois se a Vida é fruto da troca
incessante do choque de energias criadoras atuando em seu plano correspondente,
quando hostis elas ferem a qualquer espírito mergulhado na carne. A si mesmo só se
basta Deus, que é o Pai, o Senhor da Vida! As relações entre todas as criaturas e seres,
sejam virtuosos ou pecadores, significam ensejos de experimentação da própria Vida,
que tanto educa os ignorantes como redime os pecadores.
Quando a Pedagogia Sideral adverte que o espírito sublime só atrai bons fluidos, e a
alma delinqüente é a culpada pela carga nefasta que recepcionar sobre si mesma, nem
por isso, os bons deixam de ser alvo dos malefícios da inveja, do ciúme ou da má-fé
humana. Que é o anjo de guarda do agiológico católico, senão o símbolo da proteção
espiritual superior e necessária a todas as criaturas benfeitoras? O pseudo-Diabo da
Mitologia, que compreende simbolicamente as falanges dos espíritos malignos, não se
contenta em arrebanhar para o seu reino trevoso somente as almas pecaminosas; porém,
conforme assegura a própria Bíblia, ele tudo faz para poluir os bons e chegou mesmo a
tentar o próprio Jesus.
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O anjo, pois, é justamente o ser mais alvejado pela malícia,
crueldade, inveja, ciúme e despeito daqueles que ainda são escravos da vida animalizada
do mundo profano.
O menino Jesus era um ser angélico, uma flor radiosa dos céus a vicejar na água
poluída do mundo humano, sofrendo a opressão da carne que lhe servia de instrumento
imprescindível para cumprir sua missão heróica, em favor do próprio homem que o
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Vide cap. L, “Cidadão de Nosso Lar”, da obra
Nosso Lar
, em que o espírito de Narcisa manipula extratos fluídicos do
eucalipto e da mangueira em favor de um enfermo. Idem cap. XLI, “Entre as Árvores”,
Os Mensageiros
, de André Luiz
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Mateus, 4:1-11.
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