seu advento, o nascimento do homem glorificou-se pela marca angélica recebida de tão 
alta entidade, e ainda se tornou mais digno de toda devoção, uma vez que não foi 
desprezado, nem pelo Messias, o Salvador dos homens! 

 
PERGUNTA: — O nascimento de Jesus foi um acontecimento cercado por 

fenômenos incomuns e surpreendentes para sua cidade, ou só os perceberam Maria, 
José e os demais familiares? 

RAMATÍS: — O nascimento de Jesus aconteceu sem quaisquer anomalias ou 

milagres de natureza ostensiva, tudo ocorrendo num ambiente de pobreza franciscana, 
assim como era o lar de Sara, velha tia de Maria, para o qual José levara a esposa a fim 
de ser assistida e protegida na hora da delivrança. Conforme já dissemos, Maria era 
uma jovem delicada, envolta por estranhas ansiedades e exaurindo-se facilmente 
durante o período gestativo; e isto requeria cuidados e atenções por parte do seu 
esposo. 

A casa onde se haviam hospedado era paupérrima e dividida em dois aposentos; num 

deles amontoavam-se os móveis e os objetos de uso da família; no outro, além de servir 
de depósito, misturavam-se cabras, aves e carneiros. Das vigas pendiam ganchos com 
cereais, arreios, peles de animais e o peixe secava à altura do forro, onde a luz do sol 
penetrava por um retângulo. Sara e Elcana, tios de Maria, durante a noite estendiam um 
cobertor sobre a esteira e ali dormiam tranqüilamente, sob o clima saudável e seco, pois 
nada lhes pesava na consciência de criaturas simples e honestas. 

No momento da delivrança, Maria teve que ser acomodada às pressas, num recanto 

do aposento, sobre o leito improvisado com a esteira, cobertores e peles de cabra; e 
deste acontecimento a fantasia humana pintou a cena da manjedoura. Em verdade, 
Jesus nasceu num ambiente de pobreza e próximo dos animais que pertenciam aos 
seus parentes de Belém, cujo lar cederam prontamente para o seu nascimento, indo 
dormir as primeiras noites na casa vizinha. Porém, jamais José e Maria dirigiram-se a 
Jerusalém, para atender ao hipotético recenseamento, que não ocorreu naquela época, 
mas transladavam-se, deliberadamente, para Belém, em busca de auxílio para o 
acontecimento tão delicado. 

O acontecimento, em verdade, foi de suma importância e bastante jubiloso para os 

familiares de Maria, quando verificaram que o seu primeiro filho era um querubim 
descido dos céus. Nisso, realmente, o fato fora excepcional, pois em Belém ou Nazaré 
ninguém se lembrava de ter nascido criança tão formosa, cuja fisionomia se mostrava 
envolta por estranhos fulgores. Sob o espanto de todos, o menino Jesus não 
apresentava as rugas características dos recém-nascidos, mas as faces rosadas, o 
semblante sereno e a quietude dos lábios traçados a buril, compunham a plástica de 
encantadora boneca viva, na qual, às vezes, transparecia um ar de gravidade ou divino 
poder. 

 
PERGUNTA: — Por que as facções religiosas transformaram o nascimento de 

Jesus num acontecimento incomum e lendário, como nô-lo relata a história sagrada? 

RAMATÍS: — Embora Jesus tenha nascido sem produzir milagres que deveriam 

abalar seus familiares e a vizinhança, tal fato revestiu-se de suma importância no Espaço, 
em torno da Terra, onde os anjos que o acompanhavam em sua descida para a carne 
vibraram de intenso júbilo pelo êxito do mundo espiritual no advento do Messias. Era o 
mais esplendoroso acontecimento verificado até aquela época, pois através do sacrifício 
de alta Entidade Espiritual, as trevas terrenas, dali por diante, receberiam mais forte Luz 
Crística, em comunhão mais íntima com o seu Cristo Planetário. Jesus, o Messias, 
instrumento vivo hipersensível e descido dos céus, derramaria através de sua carne a Luz 
do Espírito do Senhor, ensejando a mais breve libertação do “homem velho”, ainda 
algemado à força coerciva dos instintos animais. 

Embora os homens ignorassem, em sua consciência física, a natureza excepcional do 

advento do Messias à face da Terra, e mesmo no seu nascimento não se verificassem 
fenômenos miraculosos, o certo é que todos os moradores na adjacência do lar de Maria e 
José sentiam um júbilo estranho e deliciosa esperança que lhes tomavam a alma num 
sentimento indefinível. Pairava no ar algo de excelso e de terno, flutuando numa 

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