virgens e por obra de forças extraterrenas, ou de misteriosos esponsalícios independente 
do mecanismo natural do sexo e da gestação. Os livros dos assírios, dos hindus, dos 
caldeus, dos chineses e dos árabes são unânimes em assinalar nascimentos provindos de 
virgens e sob condições miraculosas. A tradição masdeísta conta que um raio da glória 
divina penetrou na mãe de Zoroastro, o notável legislador persa. Krishna nasceu de uma 
virgem e também Lao-Tse; a mãe de Buda teve um sonho em que o elefante branco 
(símbolo do espírito puro) entrou em seu seio e ela concebeu o Salvador da Ásia; 
Salivahana, da escolástica hindu, também foi concebido por uma virgem, que o recebeu 
em seu seio como a encarnação divina. O próprio Gengis-Khan, turbulento invasor da 
China, também era tido por filho de um raio solar descido sobre uma virgem eleita pelo 
Senhor dos Mundos. Dentro de alguns anos é possível que Mahatma Gandhi, 
assassinado a tiros, na Índia, também termine glorificado por um nascimento misterioso, 
em que um raio do céu o tenha gerado no ventre imaculado de uma virgem. 

 
PERGUNTA: — Certos religiosos e até alguns espíritas acham que seria desdouro 

para um espírito tão elevado, quanto Jesus, encarnar-se através do mecanismo sexual 
da procriação comum no mundo carnal. 

RAMATÍS: — Repetimos: O sexo não é mecanismo aviltante, porém, a porta 

abençoada da vida carnal e de acesso para as almas sofredoras poderem ressarcir-se 
dos seus pecados e remorsos de vidas anteriores. O corpo humano é o vaso ou o 
alambique onde se filtra todo resíduo menos digno aderido à contextura delicada do 
perispírito. Em suma: é o “fio-terra” que depois transfere para o solo o magnetismo 
deletério e os fluidos tóxicos do ser. O ato de procriar é importantíssimo para a felicidade 
das almas, pois em tal momento as forças angélicas descem do céu e se acasalam às 
energias vigorosas e agrestes da matéria, para então se gerar um corpo carnal. O 
fenômeno do nascimento, portanto, é um acontecimento divino e de valiosa significação 
para a vida do espírito e sua ascese angélica. 

Por isso, Deus valoriza tanto as mães, sejam quais forem as suas condições sociais 

ou morais. Elas são sempre dignas do amor divino e do alto respeito espiritual, desde que 
não destruam nem abandonem o fruto dos seus amores lícitos ou pecaminosos. Só isto é 
bastante para redimi-las e levá-las acima de qualquer outra mulher, embora 
virtuosíssima, mas que foge ao sagrado compromisso maternal. As infelizes criaturas 
devotadas à profissão do aborto, ou as mães que preferem a destruição do seu rebento 
prematuro, jamais podem avaliar, na Terra, o inferno pavoroso à sua espera após a 
desencarnação. Não existem vocábulos humanos, na linguagem do mundo, que possam 
dar uma idéia dos tormentos e do desespero dessas mães desnaturadas,

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 presas dos 

charcos repugnantes do astral inferior. 

Cada corpo que se gera na Terra e desperta no berço físico, é um valioso instrumento 

de redenção espiritual para a alma aflita, enferma ou crestada pelo remorso, amenizar sua 
pavorosa dor e sofrimento espiritual. O espírito de passado delituoso refugia-se no biombo 
protetor da carne e ali se esconde, expurgando suas mazelas através de lutas, sofrimentos 
e lágrimas redentoras. Por isso, jamais o sexo avilta o processo criador, embora o homem, 
na sua febre de prazeres doentios, deponha ou inverta o seu sentido criador. 

Eis por que Jesus não iria subestimar o processo gestativo tão comum no mundo 

terreno, nem aviltar Maria, sua própria genitora, expondo-a à crítica ferina da vizinhança 
e de sua época. Jamais se felicitaria pelo seu nascimento aberrativo e de um 
esponsalício duvidoso por parte do Espírito Santo, humilhando a dignidade de seu pai 
José, criatura enérgica e severa, porém, justa e honesta. 

A redenção do homem principiou justamente pelo fato de o Messias não ter fugido ao 

processo comum da gestação, mas ainda valorizá-lo com a sua presença e acatamento, 
malgrado a corrupção dos homens. O acontecimento de gerar-se, nascer, crescer e 
morrer no mundo terreno, Jesus o sintetizou num poema de respeito e consagração, sem 
recorrer a processos miraculosos que viessem a menosprezar a sinalética sexual. Após o 

                                                        

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 Vide no capítulo “Os Charcos de Fluidos Nocivos do Astral Inferior”, pág. 309 da 1ª edição, ou 202 da 2ª edição, 

em que o espírito de Atanagildo descreve, com minúcias, o sofrimento das “fazedoras de anjos” no mundo astral, na 
obra 

A Vida Além da Sepultura

, em co-participação com Ramatís. 

 

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