espírito em missão sacrificial, que abdicava de sua mansão celestial para orientar a 
criatura humana, ainda escrava dos grilhões da animalidade. Por conseqüência, ele 
merecia o “melhor”, no sentido de ser-lhe facultado um corpo biologicamente equilibrado. 

 
PERGUNTA: — Qual o fundamento da tradição religiosa, que serviu para o 

Catolicismo assegurar o dogma de que Jesus foi concebido por “obra e graça do Espírito 
Santo e nascido de uma virgem”? 

RAMATÍS: — Essa concepção deve-se à própria Bíblia no Velho Testamento, 

quando os profetas prediziam que o Messias deveria nascer de uma virgem, e conforme 
o evangelista Mateus também o confirma, no Novo Testamento, dizendo: “Maria, sua 
mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo 
Espírito Santo” (Mateus, 1:18). 

Os antigos profetas procuraram deixar aos pósteros algumas indicações que, no 

futuro, os fizessem reconhecer o Messias; mas a insuficiência humana não pôde 
entender os sinais exatos e prematuros da realidade do seu nascimento. As sucessivas 
e deficientes traduções dos livros sagrados também contribuíram para obscurecer o 
sentido concreto dessas alegorias proféticas, e mais tarde interpretadas de um modo 
fantasioso. A Bíblia predisse que o Messias teria de “nascer de uma virgem e ser 
concebido por obra e graça do Espírito Santo”, mas com isso não desmentiu o processo 
natural da gestação humana; apenas indicou o sinal mais importante do advento e da 
identificação do Messias, ao vir à Terra. 

Jesus, portanto, como o primeiro filho gerado por Maria, nasceu realmente de uma 

virgem, pois virgem era sua jovem genitora quando deixou o templo de Jerusalém para se 
casar com José. Assim, cumprira-se a profecia e fora identificado o primeiro indício da 
presença do Messias na Terra, para que a humanidade então o conhecesse no futuro e 
aceitasse os seus ensinamentos libertadores do espírito humano. O primeiro filho nascido 
da primeira concepção conjugal, como no caso de Maria, era realmente de uma origem 
imaculada. 

Maria, pela sua estirpe elevada, era um anjo descido dos céus e, portanto, um 

“espírito santo”, corroborando mais uma vez a predição da Bíblia. No seu corpo virginal e 
por obra do seu “espírito santo”, gerou-se nela o corpo do Messias em cumprimento à 
profecia do Velho Testamento. A velha lenda dos nascimentos sagrados e miraculosos, 
das mães virgens e dos espíritos santos, como Hermes, Orfeu, Zoroastro, Krishna e 
Buda, também foi atribuída literalmente ao nascimento de Jesus, na ingênua suposição 
do sacerdócio organizado, em valorizá-lo acima do mecanismo da concepção carnal 
humana. 

A vida monástica das criaturas que fugiram dos pecados do mundo profano e se 

retiraram para os conventos, quase sempre lhes produz na mente uma exagerada 
desconfiança e prevenção contra o sexo humano, ao qual então atribuem a culpa de 
quase todas as mazelas do mundo. Assim, as organizações religiosas terrenas tudo têm 
feito para situar os seus Messias, Avatares ou Instrutores espirituais acima do processo 
das relações sexuais, pois o consideram um ato pecaminoso ou impuro. Obviamente 
eles então devem nascer de virgens em divino esponsalício com espíritos santos, ou 
então de raios fulgurantes ou gênios fabulosos, que os cercam de esplendores e glórias, 
independente da genética sexual do mundo físico. 

 
PERGUNTA: — Mas a natureza excepcional do Espírito de Jesus, porventura não 

exigiria, realmente, um processo genético mais elevado para a sua manifestação na 
Terra, independente do mecanismo sexual? 

RAMATÍS: — Se o mecanismo sexual da concepção da vida humana é considerado 

um processo inferior, isso não é culpa de Deus, que o criou para a manifestação do ser, 
na matéria. A responsabilidade é do homem que o transforma num processo para 
satisfação de suas paixões aviltantes. Embora se considere a supremacia espiritual 
incomum de Jesus, nem por isso ele precisaria derrogar as leis imutáveis da Vida e 
alterar o processo da genética humana, para encarnar-se no seio da humanidade. Tanto 
o anjo quanto o espírito inferior, só podem ingressar na carne terrícola através da porta 
do ato sexual, que não é nada aviltante, mas apenas um processo estabelecido por 

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