Portanto, os sentimentos louváveis que já lhes domina a alma e os gradua em bom
quilate espiritual, recebem o impulso catalisador e terno do Natal, acendendo nos corações
os anseios benfeitores do amor ao próximo proclamado por Jesus. Tudo nesse dia influi
para a manifestação da natureza superior dos homens, pois vibram no ar a expectativa e a
surpresa dos presentes natalinos e a esperança para o ano vindouro mais feliz. Mesmo os
adultos retornam à alegria da infância. A lembrança comovente do menino Jesus, as luzes,
os enfeites coloridos do pinheirinho e a doçura mística do presépio, são convites aos bons
sentimentos e às boas ações. Entre as famílias abrandam-se as tricas domésticas,
enquanto se reúnem para o ágape natalino pais, filhos, genros, noras, sogros e demais
parentes, olvidam-se nessa data os negócios, as especulações e as queixas para não se
tisnar a alegria da festa. Os amigos se visitam e trocam-se aperitivos, experimentam-se os
doces da casa; e raramente alguém ultrapassa o júbilo e a confraternização do Natal pelo
excesso alcoólico, pois há um tácito respeito espiritual pela data tão significativa.
No entanto, em oposição à influência do terno e suave Natal mostra-se a festa
animalesca do Carnaval. Então o ar se empesta, as criaturas tornam-se belicosas e
fesceninas; os tímidos e os servis, postos à vontade no seio da turba e protegidos pelas
máscaras e fantasias, abusam do cinismo e vazam os seus complexos recalcados
durante os 365 dias do ano. Há os que durante os quatro dias de entrudo se desforram
das mágoas e dos insultos, dos sofrimentos e das decepções vividos durante o ano. O
álcool, servido a granel, ativa o instinto inferior do ser e o ajuda a expelir para o cenário
do mundo a torpeza, a malícia e a libidinosidade acumuladas pelas convenções sociais.
No Carnaval, a “má influência” do dia estimula no homem o acervo herdado do animal,
em contraste com a “boa influência” do Natal, que sublima e amaina a própria tara
indesejável, porque vibra somente emoções de caráter espiritual. O Carnaval é o
catalisador psíquico dos piores desejos e recalques do homem; é o nivelador das
fronteiras sociais; confunde o palhaço inato com o cidadão de bons costumes, pois
ambos se disfarçam sob a mesma fantasia. É, em verdade, a festa da carne, enquanto o
Natal é a festividade do Espírito.
Transportando o nosso exemplo singelo para o campo sideral, também poder-se-ia
dizer que a Administração Sideral escolheu o Signo de Pisces e a conjunção de Saturno,
Júpiter e Marte para marcar o advento de Jesus à Terra, porque essa feliz combinação
astrológica e planetária proporcionava uma influência benfeitora sobre a humanidade.
Finalmente, assim como não escolheríeis o Natal para a realização de acontecimentos
trágicos e detestáveis, os Mentores Espirituais também situam no seu calendário sideral
os eventos bons sob as influências astrológicas benfeitoras e os maus sob as
combinações aziagas.
PERGUNTA: — Mas, considerando-se que Jesus era um Espírito puro, por que ele
não podia vencer a “impureza” das vibrações da Terra, sem o recurso da boa influência
ou da higienização da aura do planeta sob as conjunções astrológicas favoráveis? As
vibrações espirituais superiores porventura não sobrepujam as freqüências vibratórias
inferiores do orbe terráqueo?
RAMATÍS: — Repetimos: Jesus é um Espírito excepcional, um “Avatar” acima dos
desejos e comprometimentos humanos; é Entidade bem mais importante do que qualquer
reunião de planetas fadados a uma vida transitória no Cosmo. Aliás, qualquer homem é
sempre mais relevante perante Deus do que o mais fabuloso sistema planetário, pois o
homem “pensa” e os planetas são apenas a substância que lhe serve de moradia. No
entanto, a combinação astrológica tão rara foi um toque psíquico estimulante no seio das
criaturas, uma vibração favorável para o êxito das atividades cristãs. Não foi
encomendada especialmente para isso, mas foi “aproveitada” num evento espiritual
superior.
É incontestável, portanto, que a vibração espiritual de Jesus é tão superior ao
magnetismo cósmico ou terráqueo “impuro”, que jamais ele precisaria depender de
situações planetárias favoráveis para o seu messianismo redentor. Mas o fato dos
Diretores Siderais escolherem circunstâncias e condições magnéticas favoráveis para o
seu advento na matéria, não implica se considerar que ele não poderia encarnar-se na
Terra, quando já havia realizado o pior, ou seja, transposto a fabulosa distância
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