os movimentos que exaltem as virtudes da alma e fortaleçam o comando angélico;
quando desencarnados, filiam-se a qualquer empreitada inferior do mundo astral, desde
que tenha por objetivo combater as hostes do Cristo. Aviltam-se pela obstinação furiosa
contra os poderes angélicos e se endurecem no sentimento ante a recusa de aceitar o
processo cármico redentor através do sofrimento ou da humildade. Em verdade, eles se
envergonham de aderir à ternura, à tolerância e ao amor pregados por Jesus.
Mas depois de exilados para os orbes inferiores, submetidos ao tradicional processo
seletivo de “Fim de Tempos” ou “Juízo Final”, esses “anjos” decaídos terminam cedendo
em sua estrutura pessoal orgulhosa, quer enfraquecidos pelos vícios incontroláveis,
como destroçados pelas paixões devoradoras. Destruído o paredão granítico de sua
vaidade e orgulho, então lhe reponta a fulgência da luz angélica que palpita no âmago
de toda criatura. Sem dúvida, essa emigração de anjos decaídos ou de espíritos
rebeldes, de um orbe superior para outro inferior, evita o perigo da saturação satânica no
ambiente astralino das humanidades, porque a carga nociva alijada faz desafogar a vida
espiritual superior, tal qual as flores repontam mais vivas e belas nos jardins que se
livram das ervas malignas.
Em conseqüência, tem fundamento a lenda bíblica da “queda dos anjos”, embora, às
vezes, alguns a confundam com o processo da “descida angélica”, o que é bem diferente e
refere-se a quando Deus cria os mundos planetários e se manifesta exteriormente, no ciclo
de um novo Grande Plano criador.
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PERGUNTA: — Considerando-se a descida dificultosa de Jesus à Terra, qual seria,
então, o processo de retorno ao seu mundo angélico, depois de sua desencarnação da
cruz e do término de sua heróica missão?
RAMATÍS: — Enquanto o Espírito superior, na sua descida, algema-se à carne pela
redução de sua energia perispiritual, então ele se liberta quando retorna aos seus
páramos de luz, num processo oposto, que é a aceleração energética. No primeiro caso
é o aprisionamento opressivo na forma, e, no segundo, a libertação para reassumir a
sua condição natural superior. Jamais se pode comparar a ascensão ou retorno
espontâneo de Jesus em direção ao seu mundo angélico, operação mais fácil e
libertadora, com sua descida vibratória tão difícil e tormentosa. Ascensionando, ele
abandonou a matéria em fuga energética natural acelerada; mas a descida reduziu-lhe a
função normal de sua delicada contextura perispiritual e a própria memória sideral se
obscureceu, para poder se ajustar aos limites acanhados do cérebro humano.
Como a Técnica Sideral não consegue elevar a freqüência vibratória dos planos
inferiores até ao nível energético de um espírito do tipo de um Jesus, ela precisa
processar-lhe, gradualmente, a redução perispiritual de plano superior para plano inferior,
até ajustá-lo ao casulo carnal. Essa operação sideral redutora implica na incorporação
sucessiva de energias cada vez mais inferiores e letárgicas na vestimenta resplandecente
da entidade em descenso. Embora seja um exemplo incorreto, lembramos que o
mergulhador, além de vestir o escafandro pesado e opressivo, ainda fica circunscrito à
natureza da fauna e à densidade dificultosa no meio líquido onde opera. Sem dúvida, é
bem grande a diferença do escafandrista oprimido no seio da água, com o homem em
liberdade no ambiente gasoso da superfície terrena, onde o oxigênio dispensa
aparelhamentos especiais para ser absorvido.
Mas apesar de todas as dificuldades e óbices à sua elevada natureza espiritual,
Jesus, o Sublime Amigo do homem, não hesitou em aceitar o sacrifício sideral de deixar
o seu mundo de Luz para submeter-se heroicamente às leis e às formas escravizantes
do planeta Terra.
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Parece-nos que o consagrado Prof. Pietro Ubaldi, autor da
Grande Síntese
, confundiu a queda angélica com a
descida angélica, em sua obra
Deus e o Universo
(Cap. V. pág. 64, 1ª edição). Conforme diz Ramatís, na descida
angélica, “Deus desce até a fase matéria e cria o Universo exterior das formas; porém, na queda angélica, os
espíritos reprovados na seleção espiritual dos seus mundos eletivos, precisam repetir as mesmas lições noutros
orbes inferiores, para onde são exilados”. Acreditamos que o conhecimento espiritista da reencarnação seria
suficiente para Pietro Ubaldi ajustar a sua tese. Aconselhamos os leitores a examinarem os excelentes artigos de
Henrique Rodrigues, na
Revista Internacional do Espiritismo
, números 7 a 10, de 15 de julho e 15 de novembro de
1956, assim como a análise de Edgard Armond, inserido no
O Semeador
, nº 140, de junho de 1956, órgão da
Federação Espírita de São Paulo, que abordam o assunto da queda dos anjos, na obra
Deus e o Universo
, de Pietro
Ubaldi.
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