culpas a redimir, para facilitar o seu ligamento com a matéria, viu-se obrigado a mobilizar 
sua vontade num esforço de reviver ou despertar na sua consciência o desejo de retorno à 
vida física, já extinto em si há milênios e milênios. A fim de vencer a distância vibratória 
existente entre o seu fulgente reino angélico e o mundo terreno sombrio, ele empreendeu 
um esforço indescritível de “auto-redução”, tão potencial quanto ao que um raio de Sol 
teria de exercer em si mesmo para conseguir habitar um vaso de barro. Os espíritos 
inferiores são arrastados naturalmente pelos recalques dos “desejos” que os impele para a 
vida carnal, e assim ligam-se à matriz uterina da mulher, obedecendo apenas a um 
imperativo ou instinto próprio da sua condição ainda animalizada.

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 Em tal circunstância, os 

técnicos siderais limitam-se a vigiar o fenômeno genético da Natureza. Trata-se de 
encarnações que obedecem aos moldes primitivos das vidas inferiores, cujos espíritos 
compõem as “massas” inexpressivas da humanidade terrena. Mesmo depois de 
desencarnados, mal dão conta de sua situação, porque ainda vivem os desejos, as 
emoções e os impulsos da vida psíquica rudimentar. Sem dúvida, o Senhor não os 
esquece no seu programa evolutivo, orientando-os, também, para a aquisição de 
consciência espiritual mais desenvolvida. 

No caso de Jesus, tratava-se de uma entidade emancipada no seio do sistema solar, 

uma consciência de alta espiritualidade, que não podia reajustar-se facilmente à genética 
humana. Tendo se desvencilhado há muito tempo dos liames tecidos pelas energias dos 
planos intermediários entre si e a crosta terráquea, ele precisaria de longo prazo para, na 
sua descida, atravessar as faixas ou zonas decrescentes dos planos de que já se havia 
libertado. E então, para alcançar a matéria na sua expressão mais rude, teve de 
submeter-se a um processo de abaixamento vibratório perispiritual, de modo a ajustar-se 
ao metabolismo biológico de um corpo carnal. Jesus não poderia ligar-se, de súbito, à 
substância grosseira da carne, antes que a Ciência Divina lhe proporcionasse o ensejo 
favorável e as providências indispensáveis para uma graduação de ajuste à freqüência 
comum da Terra. 

 
PERGUNTA: — Essas providências para a encarnação de Jesus foram previstas muito 

tempo antes de ele descer à Terra? 

RAMATÍS: — Em verdade, a manifestação de Jesus no vosso orbe se efetuou de 

acordo com um plano minucioso delineado antecipadamente pela Engenharia Sideral, 
no qual foram previstas as principais etapas de sua descida e as decorrências de sua 
vida física, no tocante à arregimentação de seus apóstolos e outros discípulos.

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 Tudo foi 

estudado para se realizar no “tempo psicológico” exato e visando ao melhor 
aproveitamento espiritual da estada do Mestre junto à humanidade terrena. No entanto, 
malgrado a tarefa messiânica deliberada pelo Alto, Jesus teria de concretizá-la mediante 
sua própria capacidade, inteligência, renúncia e até pela sua resistência orgânica, a fim 
de não sucumbir antes do prazo prefixado. Ele não teria de submeter-se a um 
determinismo fatal, que o transformasse num simples autômato movido pelos “cordéis” 
do mundo oculto, porém, mobilizar todos os seus recursos espirituais de modo a cumprir 
o programa heróico que aceitara em sã consciência. 

Apesar de lhe serem programadas as fases de maior importância na sua existência 

humana, isso foi apenas uma coordenação dos fatos de maior relevo quanto ao 
sustentáculo da obra evangélica, sem jamais anular o seu esforço próprio. 

Em verdade, no tempo “psicológico exato”, não antes, nem depois do que fora 

marcado pela Direção Sidérica do orbe, Jesus, o Verbo de Deus, abriu os olhos à vida 

                                                        

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 Segundo Buda, o elevado Instrutor Espiritual da Ásia, “é no desejo que se encontra a causa de todo o mal, de 

toda a dor, da morte e do renascimento na carne. É o desejo, é a paixão que nos prende às formas materiais, e que 
desperta em nós mil necessidades sem cessar e nunca saciadas. O fim elevado da vida é arrancar a alma dos 
turbilhões do desejo”. 
 

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 Pergunta feita a André Luís por espíritas: “Todas as reencarnações, mesmo as dos indivíduos inferiores, são objeto 

de um planejamento detalhado, por parte dos administradores espirituais? Resposta: — Há renascimentos quase que 
automáticos, principalmente se a criatura ainda permanece fronteiriça à animalidade, entendendo-se que quanto mais 
importante o encargo do espírito a corporificar-se, junto da Humanidade, mais dilatado e complexo o planejamento da 
reencarnação”. Extraído da 

Agenda Espírita 1964

, pergunta n. 25, do cap. “Reencarnação”, e artigo 

Entrevistando André 

Luís

. Obra do Instituto de Difusão Espírita, Araras, SP. 

 

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