dos seguidores de Jesus em marcha vigorosa, centenas de braços ficavam à retaguarda, 
sacudindo-se em ameaças, enquanto os galileus desapareciam na primeira curva da rua, 
xingados, empurrados, amarfanhados e alguns mal se refazendo dos socos e bofetadas 
dos vendeiros mais furiosos. Atravessando então a rua dos Tecelões, e ainda derribando 
tapetes, peças de tecidos e rompendo as frágeis armações dos mostruários a turba da 
Galiléia desviou-se da rua dos Ourives e orientou-se para a cidade alta, partindo para a 
zona aristocrática, a fim de alcançar a ponte que desembocava na praça do Templo. 

 
PERGUNTA: — Mas a recepção tão festiva a Jesus não se findou logo à entrada da 

cidade, como supúnhamos, mediante a narrativa dos evangelhos? 

RAMATÍS: — Conforme diz o próprio evangelho Mateus, no capítulo 21, versículos 

10 e 12, o caso sucedeu assim: “E quando entrou em Jerusalém se alterou toda a 
cidade; e entrou Jesus no templo de Deus, e lançava fora todos os que vendiam e 
compravam no templo; e pôs por terra as mesas dos banqueiros, e as cadeiras dos que 
vendiam pombas”! O que implica dizer que o Mestre Galileu e a turba de seus 
seguidores chegaram até o Templo e o fizeram com certa bulha.

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Realmente, depois de percorrer as ruas principais da cidade, a procissão bulhenta 

desembocou no bairro onde se erguia o suntuoso palácio de Herodes, esculpido sobre 
grandiosas colunas coríntias e servindo na época como o local da administração do 
governo de Pôncio Pilatos; enquanto, à esquerda, destacava-se o tribunal de justiça dos 
judeus, o Senado, ou mais conhecido historicamente como o Sinédrio ou o Sanhedrin. 
Entre gritos e vivas cada vez mais fortes e estridentes, depois de transposta a ponte que 
ligava a cidade alta àquela zona, os galileus desembocaram junto à porta principal do 
Templo, enorme e vasta, que se abria para o primeiro pátio, denominando Pátio dos 
Gentios, onde era permitida a freqüência de quaisquer criaturas, inclusive os próprios 
romanos. 

Jesus fez menção de sustar aquela marcha cada vez mais tensa e já indisciplinada, 

resolvido a dispersar os galileus de qualquer modo e deixá-los à vontade, convicto de 
que ali devia terminar aquele espetáculo ostensivo que ele mesmo não desejara, mas se 
vira impotente para impedi-lo. Os galileus deviam se dar por satisfeitos em se 
dispersarem para as festividades da Páscoa, preparando-se para as pregações do 
Evangelho, que seriam efetuadas na semana vindoura. À sua frente surgiu a mais 
fabulosa atividade da vida dos judeus, como era o comércio religioso oficializado pelo 
Sumo Sacerdócio, onde se acumulava incalculável massa de criaturas representativa de 
todas as profissões, raças, cultura e posição social da Judéia. No Pátio dos Gentios, 
debaixo de formosos alpendres sustidos por ricas colunas coríntias, sobre o mosaico 
encerado e colorido, à sombra refrescante de corredores suntuosos, e ainda sobre as 
lajes aquecidas a descoberto, Jesus vislumbrou um mar de cabeças humanas 
distribuídas por tendas, balcões, mesas, estrados, toldos e cadeiras, onde se destacava 
a resplandecência dos mostruários de pedras preciosas, moedas de ouro e de prata, 
estatuetas finíssimas do mais fino lavor, tudo conjugado à prodigalidade de flores 
policrômicas e plantas odoríferas de todos os hortos da Judéia. Sentados em suas 
cadeiras e abrigados sob pequenos toldos improvisados, centenas de judeus 
alardeavam as qualidades e a doçura de milhares de pombas provindas dos lugares 
mais pitorescos do mundo. Era ao entardecer, o Sol já se punha no oeste da cidade, 
pois somente alguns dos seus raios purpurinos dardejavam sobre aquele vasto 
formigueiro humano e faziam faiscar tudo o que era polido e brilhante. Quando o vento 
soprava forte, então, o aroma das flores e das plantas odoríferas fugia pela imensa porta 
do Pátio dos Gentios. Mas Jesus fez um gesto de desagrado ao sentir o cheiro 
desagradável do sangue fresco dos animais sacrificados, a escorrer através de valas 
que desciam até a cidade baixa, para o vale de Hinom, e depois se juntavam às águas 
do Siloé, costeando as muralhas e o sopé do Horto das Oliveiras. Às margens do rio 

                                                        

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 Nota do Médium: - Corroborando os dizeres de Ramatís, a Revista Internacional do Espiritismo, em seu n. 11, do 

VIII ano de existência, publicou cópia da sentença que condenou Jesus à morte e foi pronunciada por Pôncio 
Pilatos, na qual, além de culpá-lo como sedutor, sedicioso, inimigo da Lei, falso filho de Deus, pretenso Rei de 
Israel, o indiciava também como “tendo entrado no Templo seguido de uma multidão que levava em mãos, palmas”. 
 

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