tradicionais profetas relaxados em matéria de limpeza e higiene e sempre 
excomungando os homens e o mundo. 

Seus santuários eram limpos, claros e agradáveis, com tapetes trançados de cordas 

e feitos pelos próprios Essênios. Existia um salutar sistema de ventilação responsável 
pela fluência do ar puro dos campos, do odor delicioso dos frutos de outono, ou do 
perfume agreste das flores da primavera. Não eram criaturas epicurísticas usufruindo 
dos bens do mundo, porém, espíritos sábios que se cercavam do conforto natural e 
apreciavam os ensejos agradáveis da boa música e da arte, certos de que Deus jamais 
pedia a fuga do homem das atividades do mundo educativo, em que Ele próprio sempre 
estava presente. 

Em suas assembléias periódicas eram estudadas as providências e os socorros que 

se faziam necessários e urgentes para o sustento e o amparo dos filiados rurais mais 
pobres, dispersos pelas mais variadas regiões da Palestina. O próprio lar de Jesus, ante 
a prole tão extensa de José e Maria, recebeu no devido tempo a contribuição essênia 
para solver as dificuldades da família. Eles permaneciam unidos pelo mais puro senso 
de fraternidade espiritual; e os mais decididos e laboriosos fundavam novas instituições 
regionais nas casas de todos os filiados do círculo profano. Cautelosos e prudentes, 
puderam assim sobreviver na atmosfera religiosa fanática e intrigante da Judéia, porque 
evitavam imiscuir-se em qualquer atividade dos outros grupos religiosos. 

 
PERGUNTA: — Estranhamos que os judeus, em geral tão obstinados, especuladores, 

rixentos e fanáticos na época, pudessem se afinar com o movimento essênio tão sutil e 
esotérico. 

RAMATÍS: — Os judeus que ingressavam na confraria dos Essênios não tardavam 

em abandonar o seu modo mecânico e lamentoso de orar a Jeová, libertando-se do 
rosário de murmúrios ininteligíveis ou das cantarias monótonas tão familiares nas 
sinagogas. Nos santuários essênios eles aprendiam noções das leis do Cosmo e dos 
mistérios da Criação, conjugadas ao estudo da imortalidade do espírito. Em breve, eles 
dominavam suas paixões, sustinham-se nas rixas e discussões religiosas, abrandando a 
cupidez nos seus negócios e tornando-se mais compreensíveis nas relações humanas. 
Rompiam as velhas algemas das tradições religiosas, do tabu da Lei temerosa de 
Moisés, dos sistemas e das seitas separativistas, superando pouco a pouco os 
preconceitos de raças em lisonjeira efusão afetiva com as demais criaturas. 

Os gestos ruidosos e torrentes de palavras tão peculiares aos judeus sofriam 

modificações salutares sob o toque renovador dos ensinamentos essênios na intimidade 
dos santuários. Eles adquiriam a precisão no falar e no pensar, desapegavam-se dos 
bens materiais, desenvolviam a memória e ajustavam sentimentos numa vivência 
superior. Por isso, durante a tentativa sediciosa dos galileus, em Jerusalém, que resultou 
na prisão e crucificação de Jesus, ali não participou um só adepto essênio do “Círculo 
Interno”. Muitos dos valiosos ensinamentos dos Essênios, e que no tempo de Jesus 
ainda cingiam-se a certos ritos e a uma pragmática iniciática tradicional, hoje podem ser 
aprendidos e cultuados com facilidade, sem o discípulo abandonar suas tarefas 
cotidianas e através de filiação a certas instituições espiritualistas. Algumas dessas 
instituições modernas ministram lições admiravelmente práticas e sem quaisquer 
complexidades, pois desenvolvem a mente e ajustam emoções do discípulo sem 
exigências fatigantes ou compromissos exóticos. Aliás, insistimos em dizer que, depois 
do advento de Jesus, já não se justificam as iniciações a portas fechadas. 

Considerando-se que o Cristianismo tem convertido indivíduos das raças mais 

exóticas, como o árabe, o hindu, o chinês, o japonês ou o próprio selvagem, é óbvio que 
os Essênios encontravam mais facilidade em doutrinar o judeu especulador e obstinado, 
porque era um movimento nascido e evoluído em sua própria pátria e ensinado pelos 
seus próprios patrícios. 

 
PERGUNTA: — Os apóstolos também faziam parte da Confraria dos Essênios? 
RAMATÍS: — Apenas João, o Evangelista, tinha acesso aos ritos internos, pois era 

iniciado, e fora ele o próprio profeta Samuel, que no passado havia organizado a 
“Fraternidade dos Profetas”, na qual os Essênios também se inspiraram. Aliás, os 

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