incondicionalmente, vivendo só em função da eterna máxima de que “Só o Amor salva o
homem!” João Batista, no entanto, preocupou-se demasiadamente com verberações
acusativas aos homens, cujas paixões e prazeres eram conseqüência de sua
espiritualidade embrionária. Jesus morreu porque tentou esclarecer os equívocos
humanos de modo compreensivo e terno; Batista foi degolado por acusar os pecados
alheios. Diante da mulher adúltera é possível que João Batista a mandaria lapidar para
se cumprir a Lei de proteção à moral judaica. Jesus, no entanto, sem qualquer passado
trágico, libertou-a censurando os próprios algozes que a queriam punir. Todo reformista
religioso, moralista violento, agressivo e intransigente, talvez convença e arraste
multidões de fanáticos no seu encalço, mas nem por isso conseguirá convertê-los à
doçura do Amor!...
O Mestre Cristão pulverizou os costumes seculares, igualando senhores e escravos,
santos e prostitutas, ricos e pobres, numa ofensiva anárquica que condenava as
especulações religiosas e a idolatria extorsiva dos templos. Mas as suas palavras severas
também eram meigas e amorosas, pois ele censurava mas não condenava, advertia mas
não insultava.
PERGUNTA: — Como se explica que o Sinédrio condenasse Jesus porque pregava
idéias liberais e contrárias à Lei de Moisés, mas deixasse os Essênios tranqüilos em
seus mosteiros e grutas, a filiar adeptos que fugiam do cumprimento das obrigações
peculiares de todos os judeus?
RAMATÍS: — Os Essênios viviam há 150 anos na Palestina e jamais haviam
incomodado as autoridades públicas ou contrariado o clérigo de Jerusalém. No entanto,
para o mundo profano, eles não passavam daqueles terapeutas humildes, que
peregrinavam pelas estradas da Judéia praticando um serviço útil a todos os
necessitados. Assim, eles podiam manter-se a salvo de quaisquer interferências, pois
não se importavam com as maquinações políticas e desistiam facilmente em favor do
adversário em qualquer discussão. Alguns sacerdotes de Jerusalém eram filiados
sigilosamente entre os Essênios, como Eleazar e Simão, amigos de José e de Maria, e
que tudo faziam para afastar qualquer suspeita do Sinédrio nos momentos de denúncias
ou de investigações.
PERGUNTA: — Qual a natureza dos santuários essênios e onde eles se situavam?
RAMATÍS: — Os templos, ou mais propriamente os santuários essênios,
disseminavam-se pelos montes mais importantes da Hebréia, em lugares sempre
favoráveis para atender os discípulos e próximos dos agrupamentos rurais dos
terapeutas. Todos os santuários submetiam-se ao “Conselho Supremo”, o qual se reunia
em assembléias periódicas ou, em casos extraordinários, para atender a problemas
avançados da comunidade e estabelecer as normas da vida futura da Fraternidade.
Esse conselho era composto de 70 anciãos, cuja maior parte vivia no monte Moab, à
margem oriental do Mar Morto. Muitos desses anciãos estiveram presentes às principais
pregações de Jesus, como no caso do “Sermão da Montanha” e durante a
“Transfiguração”, pois eles se misturavam humildemente entre o povo comum. No monte
Ebat funcionava o santuário dos Essênios que atendia à zona de Samaria; no monte
Carmelo e Tabor os santuários para os galileus. Os peregrinos ou moradores provindos
da Síria e de povos semelhantes apreciavam freqüentar os santuários do monte
Hermon, onde os seus dirigentes também eram egressos daquelas zonas.
Não eram, propriamente, edifícios construídos nas cristas dos montes; tais
santuários eram escavados, com certo capricho, no interior das minas abandonadas,
das grutas e cavernas distantes das cidades principais. Ali os servidores instalavam
essas comunidades primando sempre pela higiene e estética, muito ao gosto dos
Essênios, que até no vestir preferiam a cor branca; só em casos excepcionais usavam
um manto de lã azul escuro sobre os ombros, também adotado por Jesus. Eram
anacoretas de vida cenobítica, mas criaturas sensatas, afeitas ao banho diário nos rios e
cascatas, ao cuidado do cabelo e da barba, apreciadoras dos óleos aromáticos, gosto
bastante generalizado. Eram cultores do conhecimento esotérico, mas sumamente
equilibrados em suas atividades messiânicas; limpos, sadios e joviais, distantes dos
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