de Nicodemus e de João Batista, em cujo original a narrativa é perfeitamente 
reencarnacionista, pois se tratava de uma tradição essênia. Mesmo que o Clero Romano 
tivesse identificado, a contento, a existência dos Essênios e a sua influência benéfica na 
composição do Cristianismo, teria recusado essa contingência de Jesus ter participado de 
uma seita cujos ensinos básicos contrariavam completamente as especulações religiosas 
da Igreja Católica Romana. 

 
PERGUNTA: — Qual foi o clima psíquico na Judéia ou o motivo que favoreceu o 

advento da Fraternidade dos Essênios? 

RAMATÍS: — A Judéia era bastante influenciada pelas mais variadas correntes 

filosóficas, religiosas e espiritualistas provindas principalmente da Índia, da Grécia e do 
Egito, em cujos países o culto religioso, malgrado o seu aspecto litúrgico ostensivo, traía 
um cunho profundamente esotérico. Sob tais estímulos, em breve constituíram-se 
grupos de judeus estudiosos e praticantes dos ensinamentos esotéricos, e que então se 
reuniam, guardando sigilo para evitar a perseguição do Sinédrio, o qual podia punir até 
com a morte os que se rebelavam contra seus preceitos oficializados na época, como no 
caso da lapidação de Estêvão. Aliás, ainda hoje, no século XX, onde a liberdade de 
espírito deve ser contingência fundamental dos homens, repete-se algo do poderio e da 
perseguição que era peculiar ao Clero oficial na Judéia, pois o Espiritismo é proibido em 
sua divulgação livre nos países onde a Religião Católica Romana impera oficialmente.

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Na época de Jesus, os eremitas pululavam pelas encostas rochosas da Judéia e 

viviam isolados do mundo profano, que achavam fundamentalmente pecaminoso. Eles 
buscavam a glória de Jeová pela prática da virtude, da abstinência dos prazeres e pela 
renúncia aos bens do mundo. Surgiam seitas, santuários, lojas, ordens ascéticas e 
fraternidades, cujas regras e princípios decalcados da velha iniciação habitual da Índia e 
do Egito empolgavam os novos adeptos. Os crentes e discípulos afinavam-se alegres e 
felizes, bebendo a cultura espiritual nas fontes iniciáticas de outros povos. Os monges, 
peregrinos, profetas, aventureiros e religiosos, egressos de países estranhos, penetravam 
na Palestina trazendo os costumes, as idéias e práticas iniciáticas dos lugares que 
visitavam ou agiam pelos seus interesses. O budismo já havia completado quase seis 
séculos, quando Jesus surgiu pregando o seu Evangelho; inúmeros judeus de boa cultura, 
apesar da vida anacoreta dos monges budistas, também vinham tentando modelar sua 
vida sob as mesmas regras ascéticas. 

A Fraternidade Essênia foi a primeira instituição que vingou disciplinadamente e 

coesa no solo judeu, pois os seus estatutos, do mais puro idealismo para a época e o 
ambiente, além de sensatos, eram práticos, graduando os seus filiados de acordo com o 
seu entendimento esotérico, sua capacidade de serviço e autodomínio sobre as paixões 
inferiores. Em conseqüência, a ansiedade espiritual que viceja no âmago de cada ser 
humano, como centelha emanada do Criador, então proporcionou a fundação e a vivência 
da confraria dos Essênios remanescentes da Fraternidade dos Profetas, que fora fundada 
pelo profeta Samuel, o qual também ali se encontrava reencarnado na figura de João 
Evangelista e, mais tarde, retornando à Terra como Francisco de Assis, o “poverello”. 

 
PERGUNTA: — Considerando que Jesus poderia ter prescindido dos Essênios em 

sua obra redentora, então qual foi a influência que usufruiu entre eles? 

RAMATÍS: — Todos os acontecimentos ocorridos em torno da vida do Mestre Jesus 

obedeceram a um plano eficiente. Assim, o Alto é que havia determinado a fundação da 
confraria dos Essênios 150 anos a. C., na época dos Macabeus, a fim de eles ampararem 
o Messias com a amizade espiritual necessária para vitalizar-lhe as energias em favor da 
causa redentora do Cristianismo. A prova de que os Essênios existiram com a precípua 
função de inspirar a obra de Jesus, é o fato de terem desaparecido logo depois da sua 

                                                        

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 Nota do Médium: — Realmente, em Portugal e na Espanha, o movimento espírita sofre pesado tributo devido à 

intransigência do Clero Católico Romano, a ponto de serem devolvidas obras espiritualistas que não gozam da 
simpatia e chancela clerical. (15.12.1964). Nota do Revisor: 1998 - Realizou-se em Lisboa, Portugal, entre 30.09 e 
3/10/1998, o 2º Congresso Espírita Mundial, sob os auspícios da FEP - Federação Espírita de Portugal, por 
indicação do CEI - Conselho Espírita Internacional. A conferência de abertura foi sobre o tema central “O Espiritismo 
Ante o Terceiro Milênio”. 
 

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