histórico da autenticidade do Mestre Galileu a seguinte passagem: “Nesse tempo viveu 
Jesus, um homem santo, se homem pode ser chamado, porque fez coisas admiráveis, 
que ensinou aos homens; e inspirado recebeu a Verdade. Era seguido por muitos judeus 
e muitos gregos. Foi o Messias”. 

Mas, a nosso ver, as provas mais autênticas da vida de Jesus são as referências à 

perseguição aos “cristãos”, isto é, os seguidores do Cristo. Havendo cristãos 
martirizados por se recusarem a abandonar a doutrina do seu líder Jesus, cujos fatos 
foram registrados pela História, conclui-se que o Mestre Jesus não foi um mito, mas uma 
figura real, malgrado a ausência de apontamentos históricos. Quanto à existência dos 
cristãos e do seu martírio, basta consultar-se as obras e anotações de Plínio, o Moço, 
Suetônio, Tácito e outros da mesma época. 

Também se pode considerar um relato autêntico a carta enviada a Tibério, pelo 

senador Públio Lentulo, quando presidente da Judéia, narrando a existência de “um 
homem de grandes virtudes chamado Jesus, pelo povo inculcado de profeta da verdade e 
pelos seus discípulos de filho de Deus. É um homem de justa estatura, muito belo no 
aspecto; e há tanta majestade no seu rosto, obrigando os que o vêem a amá-lo ou a temê-
lo. Tem os cabelos cor de amêndoa madura, são distendidos até as orelhas; e das orelhas, 
até as espáduas; são da cor da terra, porém, reluzentes. Ao meio da sua fronte, uma linha 
separando os cabelos, na forma em uso pelos nazarenos. Seu rosto é cheio; de aspecto 
muito sereno; nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face; o nariz e a boca são 
irrepreensíveis. A barba é espessa, semelhante aos cabelos, não muito longa e separada 
pelo meio; seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros, 
resplandecendo no seu rosto como os raios do sol; porém, ninguém pode olhar fixo o seu 
semblante, pois se resplandece, subjuga; e quanto ameniza, comove até às lágrimas. Faz-
se amar e é alegre; porém, com gravidade. Nunca alguém o viu rir, mas, antes, chorar”.

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PERGUNTA: — Sob vossa opinião, quais são as fontes não históricas, mas 

autênticas, para informarem sobre a existência de Jesus? 

RAMATÍS: — Sem dúvida, a fonte mais autêntica não histórica é a narrativa dos 

quatro evangelistas, apesar das interpolações e dos retoques que sofreu, inclusive 
também quanto a algumas contradições existentes entre os próprios narradores. Mas é 
fonte idônea, porque manteve a unidade psicológica e os propósitos messiânicos do 
espírito de Jesus. Entre os quatro evangelistas, dois deles foram testemunhas oculares 
dos acontecimentos ali narrados; e, por isso, mostram-se vivos e naturais nos seus 
relatos; os outros dois interrogaram minuciosamente as testemunhas que presenciaram 
as atividades de Jesus ou delas participaram na época. Superando as interpelações 
perceptíveis a uma análise percuciente, os quatro evangelistas se mostram imparciais, 
singelos e seguros, pois eles narram os fatos diretamente, sem muitas divagações. 

Há nos seus relatos um grande espírito de honestidade e de certeza absoluta naquilo 

que foi a vida de Jesus. Certamente existem algumas diferenças quanto à movimentação 
da pessoa do Mestre nos escritos dos quatro evangelistas, mas não há dúvida alguma no 
tocante à sua existência real. Outras provas de evidência são as cartas ou epístolas 
atribuídas a Paulo, as quais possuem a força comunicativa das suas atividades cristãs e 
transmitem o odor refrescante da “Boa Nova” e do “Reino de Deus” apregoados por 
Jesus!

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Evidentemente, os historiadores não se preocuparam em focalizar a pessoa de 

Jesus, por achá-la de pouca importância na época, pois se tratava de um simples 
carpinteiro, arvorado em rabino, e a pregar estranha moral num mundo conturbado pelas 
mais violentas paixões e vícios. A história jamais poderia prever no seio da comunidade 
de tantos rabis insignificantes da Palestina, que um deles se tornaria o líder de milhões 
de criaturas nos séculos vindouros, pregando somente o amor aos inimigos e a renúncia 
aos bens do mundo, em troca de um hipotético “reino celestial”. 

                                                        

12

 O retrato de Jesus feito por Públio Lentulo foi publicado pela 

Revista Internacional do Espiritismo

 e também se 

encontra na introdução da obra 

A Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo

 

13

 Vide 

Epístola aos Romanos

, 5:9; 

Coríntios

, 1:23; 14:3; 

Gálatas

, 2:21; 

Efésios

, 2:20,21; II 

Timóteo

, 2:8. 

 

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