PERGUNTA: — Que dizeis de certos autores, alguns sinceros e outros apenas 

talentosos, quando asseguram que Jesus foi apenas um “mito” e jamais existiu 
fisicamente no seio da humanidade terrena? 

RAMATÍS: — É indiscutível que Jesus não só comprovou as predições do Velho 

Testamento, como ainda correspondeu completamente às esperanças do Alto, na sua 
missão espiritual junto aos terrícolas. Os profetas tentaram comunicar aos judeus as 
premissas principais da identificação do Messias, assim como o tempo de sua vinda ao 
orbe, pois asseguraram que Israel seria o povo eleito para tal evento tão importante. 
Conforme as predições de Isaías (Isaías, 65:25), depois do advento do Salvador, todas as 
coisas se ajustariam, pois até o “cordeiro se deitaria com o lobo, o leão comeria a palha 
junto ao boi e um pequeno menino conduziria as feras”. E as profecias ainda advertiam a 
raça de Israel, eleita para o advento do Messias, quanto a sua queixa, mais tarde, ao 
exclamar que “o povo para o qual viera, não o conhecera”. Corroborando tal predição, os 
judeus de hoje ainda adoram Moisés, profeta irascível, vingativo e até cruel; e olvidam 
Jesus, pleno de amor, bondade e renúncia, porque, realmente, “ainda não reconheceram 
o seu verdadeiro Messias”. 

Efetivamente, causa estranheza o fato de certos autores ainda considerarem Jesus 

um mito ou embuste religioso, e lhe negarem a vida física e coerente na Terra. Em 
verdade, Jesus é justamente o ser cada vez mais vivo entre os homens, pois a sua 
doutrina, crescendo em todos os sentidos, já influencia até os povos afeiçoados aos 
credos de outros instrutores. Se o fulgor da Roma de Augusto ofuscou os historiadores 
da época, fazendo-os ignorar a figura de Jesus, isso não o elimina da face da Terra, 
nem o desfiguram as lendas semelhantes já atribuídas a Adonis, Krishna, Buda, Orfeu, 
Átis, Osíris, Dionísio ou Mitras. Apesar das inequívocas referências históricas sobre 
Aníbal, Júlio César, Carlos Magno ou Napoleão; ou mesmo sobre filósofos excepcionais 
como Sócrates, Platão, Epicuro, Aristóteles, Spinoza ou Marco Aurélio, eis que Jesus, o 
“mito”, sobrepuja, em celebridade, a todos esses homens famosos. 

Por que Jesus, o “mito”, supera a realidade e vive cada vez mais positivo e 

imprescindível no coração da humanidade terrena, enquanto famosos personagens 
“históricos” arrefecem no seu prestígio através dos tempos? Em verdade, os homens já 
experimentaram todas as filosofias, reformas religiosas e todos os códigos morais e 
sociais, e, no entanto, não lograram uma solução definitiva para os seus problemas 
angustiosos. A humanidade terrena do século XX, cada vez mais neurótica e 
desesperada, pressente a sua derrocada inevitável, ante o requinte e a fúria dos mesmos 
conflitos odiosos e guerras fratricidas do passado. Os homens da caverna não evoluíram 
nem se humanizaram; apenas trocaram o tacape pelo revólver de madrepérola, ou o 
porrete pela metralhadora eletrônica. Matava-se a pedras e paus, um de cada vez; hoje, 
mata-se uma civilização derretendo-a sob o impacto da bomba atômica. Paradoxalmente, 
não é a cultura e a experiência real transmitidas pela História o fundamento convincente 
para solucionar os problemas humanos tão aflitivos na atualidade. As criaturas estão 
tomadas pela desconfiança; duvidam da ciência que lhes dá o conforto material, mas não 
lhes ameniza a angústia do coração; descrêem de todas as inovações sociais e 
educativas, que planejam um futuro brilhante, mas não proporcionam a paz de espírito. 

No entanto, Jesus, o “mito” esquecido pela história profana, ainda é o único 

medicamento salvador do homem moral e psiquicamente enfermo do século atual. Só o 
seu Amor e o seu Evangelho poderão amainar as paixões humanas e harmonizar os seres 
numa convivência pacífica e jubilosa. Se Jesus fosse fruto da fantasia religiosa, então 
teríamos de concordar com a inversão de todos os valores do conhecimento humano, a 
ponto de não distinguirmos o fantasioso do real. Que força poderosa alimentou a vivência 
desse Mestre Cristão “imaginário”, fazendo-nos reconhecer-lhes um porte moral e 
espiritual do mais alto quilate humano? Qualquer homem pode negar a existência de 
Jesus; porém, jamais há de oferecer ao mundo conturbado e corrupto uma solução mais 
certa e mais eficaz do que o seu Evangelho! 

 
PERGUNTA: — Existe alguma fonte histórica que anotou a figura de Jesus? 
RAMATÍS: — Alguns estudiosos confiaram na referência feita por Josefo, na sua 

obra “Antiguidade dos Judeus”, 93 anos depois de Cristo, aceitando como relato 

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