trabalho operoso e inteligente dessas forças, porque as debilitam com o seu desânimo
mental e falta de fé na vida criadora. Assim, às vezes é preferível que a criatura ignore a
natureza de sua enfermidade, pois isso a livra da descrença, do desespero ou
desânimo, que lhe provoca a “queda” energética de forças vitais.
Há tempo, os médicos norte-americanos surpreenderam-se com o resultado de
autópsias de grande número de indigentes, deserdados da terapêutica oficial, ao
verificarem que os mesmos haviam sido portadores de úlceras gástricas ou duodenais,
lesões cardíacas, infecções perigosas, tumores cancerosos, quistos, amebíases e sinais
diabéticos. No entanto, o seu estado patogênico apresentava só os vestígios e cicatrizes
dessas moléstias curadas pelos recursos espontâneos da própria natureza. Isso prova,
mais uma vez, que há no íntimo da alma o trabalho de forças criadoras que, no silêncio
misterioso da vida, atuam mesmo quando as criaturas lhe ignoram a ação. O importante
é saber reunir essas forças sob uma vontade férrea ou por meio de um estado dinâmico,
que é a Fé.
PERGUNTA: — Por que Jesus não conseguiu curar todos os enfermos?
RAMATÍS: — Em relação às multidões que seguiam Jesus em busca de alívio e da
cura, pequena foi a quantidade dos que ficaram realmente curados de seus males. Os
mais irascíveis e descontentes pelo fracasso de suas pretensões não vacilavam em
blasfemar contra o profeta galileu, provando, assim, que a dureza de seus corações era
um obstáculo para merecerem a saúde do corpo.
PERGUNTA: — Mas o Mestre Jesus, espírito poderoso e santificado, não desejaria
curar a todos? Ou ele já sabia de antemão quais os enfermos que deviam ser libertados
de suas dores e enfermidades?
RAMATÍS: — Jesus descera à Terra para salvar toda a humanidade; o seu amor
incondicional extravasava continuamente numa doação incondicional. Se ele não curou
a todos foi porque os óbices contra a sua ação benfeitora residiam nos próprios infelizes
que o procuravam ainda imaturos em espírito. Em verdade, sua missão principal não era
curar os corpos, mas acima de tudo salvar a alma. As curas materiais que realizou
serviram apenas para comprovar a força do Espírito eterno, mas sem alterar a lei do
Carma, a qual determina a “cada um colher conforme tiver semeado”. Jesus curou as
criaturas que também se libertaram de suas mazelas morais, graças ao estado de fé
criadora e pureza de intenções. Enfim, as que foram espiritualmente ao seu encontro,
sem quaisquer desconfianças, mas sob propósitos para uma vida digna e amorosa.
PERGUNTA: — Que nos dizeis a respeito das supostas relíquias do Mestre Jesus,
às quais o Clero Católico atribui a virtude de produzirem milagres? Existem?
RAMATÍS: — Em todos os credos e religiões disseminados pelo mundo, como o
Catolicismo, Taoísmo, Budismo, Muçulmanismo e mesmo o Judaísmo, avultam as
relíquias de seus líderes, fundadores e missionários mais importantes. Naturalmente, a
par dos que acreditam sinceramente no poder misterioso ou na veracidade de tais
relíquias, há os charlatães e os especuladores, que se aproveitam da oportunidade para
a realização de negócios astutos.
Sucede o mesmo com as pretensas relíquias de Jesus, que o Clero Católico expõe
aos seus fiéis. Mas, na realidade, tais relíquias são falsas e o bom-senso mostra-nos
facilmente o ridículo e a impossibilidade de sua existência. Tapetes de bom tecido,
compacto e duradouro, não resistem a um século e se transformam em frangalhos nos
museus. No entanto, o “santo sudário” resiste há quase dois mil anos, embora tenha
sido feito de linho frágil. Um litro de sangue evapora-se e coagula-se em algumas horas,
mas as gotas de sangue apanhadas de Jesus, na hora da crucificação, desafiam os
séculos, mantendo-se vivíssimas em ânforas de prata. Madeiras rijas e de longa
duração, como o carvalho e a imbuia, desintegram-se sob o impacto dos séculos. No
entanto, a cruz de Jesus, feita de dois troncos de árvores comuns, leve e de pouca
duração, resiste há milênios e seus fragmentos e pó ainda são reverenciados pelos fiéis
da Igreja em diversas partes do mundo.
Em seguida à morte de Jesus, os seus discípulos, devido às ameaças de também
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