Grécia, através de missionários como Numu, Antúlio, Anfion, Rama, Hermes, Krishna,
Buda, Confúcio, Zoroastro, Orfeu, Sócrates, Pitágoras e outros, enquanto, modernamente,
essa mesma mensagem de Amor aos homens foi apregoada por instrutores como
Ramakrishna, Maharishi, Gandhi e Kardec!
Por isso, Jesus não pregou doutrina originariamente desconhecida, mas em sua
missão redentora devia escoimar as velhas doutrinas de seus vícios e incongruências,
avivando-lhes a essência adormecida e o sentido libertador petrificado sob a liturgia
pagã, as interpolações propositadas, devido aos interesses religiosos. No entanto, ainda
se repetem os mesmos vícios religiosos de antanho, pois a verdade cristalina que foi
restabelecida por Jesus mostra-se novamente asfixiada pelos dogmas supostamente
infalíveis e pelos melodramas “sagrados” sobre a paixão e a crucificação. A simplicidade
e a pureza iniciática do Cristianismo petrificaram-se outra vez sob as práticas litúrgicas
modernas, que além de exaustivas e infantis, sufocam a figura do Mestre numa fantasia
circense. Quando o crente vibra e sente a essência íntima dos ensinamentos
libertadores de Jesus, ele já se mostra exausto da longa caminhada entre símbolos,
dogmas e mistérios religiosos, assim como o viandante que desmaia diante da fonte de
água límpida, exaurido pelo esforço despendido para vencer os obstáculos inúteis que
os demais homens lhe puseram no caminho.
PERGUNTA: — Embora considerando-se que foi a própria tradição espiritual e não
a história que fez a obra de Jesus chegar até nossos dias, gostaríamos de saber como
isso foi possível, apesar de tantos sofismas, interpelações e fantasias, com que os
homens obstruíram os seus ensinamentos.
RAMATÍS: — Realmente, o sacerdócio organizado tem feito do Homem Luz um
personagem irreal, cuja figura vem sendo continuamente retocada em cada concílio
sacerdotal, misturando-lhe a realidade com a fantasia e a lógica com a aberração. Mas
aproxima-se, entretanto, o momento de reajuste há tempo desejado e, em breve, tereis
conhecimento da força original da obra de Jesus, que, embora fosse um anjo descido do
Alto, viveu sua existência coerente com a lei do vosso mundo.
O Jesus que ainda é devotado pelas religiões terrenas não é o mesmo Jesus que
respirou o oxigênio da Terra. É uma fantasia impossível de ser conceituada entre suas
próprias contradições. Mesmo o protestantismo, que pretendeu fazer reviver a
simplicidade do Mestre, dando-lhe a condição lógica de vivente humano, também se
atemorizou diante do medo do sacrilégio e preferiu deixá-lo envolto no véu da fantasia
milagreira. A reforma louvável de Lutero, rebelando-se contra os diversos dogmas
seculares e o fausto sacerdotal, que ironizavam a pobreza do Mestre Nazareno, elegeu,
infelizmente, a Bíblia como um outro senhor absoluto, incondicional, que se transformou
em autoridade implacável para se dirimirem quaisquer dúvidas e se alimentarem
inovações. O pensamento dinâmico e evolutivo dos protestantes estagnou, então,
voltando apressado, através da Bíblia, para outros dogmas infantis. A Bíblia — embora a
reconheçamos como livro contendo revelações úteis — não pode substituir a liberdade de
pensar. Ela apenas auxilia o modo de raciocinar sobre a Verdade Divina. Apenas uma
autoridade envelhecida no tempo foi substituída por outra diferente, mas de modo algum
solucionou-se o problema de desvestir Jesus do aparato pagão e de sua aura de mago
de feira.
No entanto, os sofismas, os truncamentos, as interpelações e o desnaturamento de
certas passagens do Mestre Jesus não conseguiram obscurecer-lhe o trajeto da
Palestina até nossos dias, porque além de estar impregnado do seu sangue vertido no
sacrifício da cruz, traz a chancela inconfundível de sua alta individualidade espiritual e
do seu infinito Amor por toda a humanidade.
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