rejubilaram-se ao confundir o amor espiritual de Madalena por Jesus, com um impacto de 
paixão ardente da carne, pois ainda ignoravam que o sentimento dela expluía como a 
seiva da planta agreste alimentando a muda da flor superior. Acreditavam que Jesus se 
abalaria pela presença fascinante da famosa cortesã junto dele, pois, realmente, Maria de 
Magdala era irresistível e seu nome vibrava até nos mais longínquos lugares da Judéia. 
Os agentes das Sombras consideravam que Jesus havia resistido à paixão de mulheres 
mais dignas, porque eram inexperientes, mas teria de ceder e enfraquecer a obra pelo 
escândalo de uma paixão ilícita. 

Em verdade, eles desconheciam a capacidade de renúncia e a fé do espírito decidido 

de Maria de Magdala, motivo por que sofreram amarga decepção ante o equívoco de sua 
sortida. Contrariando os prognósticos dos demolidores do Cristianismo, eis que ela ainda 
deu mais ênfase à obra cristã, transformando-se num estímulo e na convergência do 
sentimento de todas as mulheres sequiosas de renovação moral. Inverteram-se os pólos 
da malignidade, porque Madalena ressurgiu do charco para a luminosidade da graça de 
Jesus. 

Jesus, o divino Mestre, não lhe significou somente o oásis amigo em que pôde mitigar 

a sede de afeto puro e sobreviver ao terrível naufrágio espiritual, porém, algo mais sério e 
grave lhe acusava no íntimo a necessidade urgente de sua recuperação. Jesus foi o 
poderoso catalisador que lhe dinamizou as forças superiores e ajudou-a a vencer o jugo 
perigoso das paixões humanas, mas ela sentiu também que algo naquela obra redentora 
lhe cabia fazer, ainda que com o sacrifício da própria vida. Saturada do sabor amargo das 
desilusões mundanas e sentindo o fel trevoso minando-lhe a contextura espiritual, então, 
entregou-se escrava do amor de Jesus, devotando-se incondicionalmente à obra que ele 
realizava. 
       O Mestre Divino, por sua vez, pela sua capacidade retentiva e intuição superior, 
pressentiu que Maria de Magdala estava intimamente ligada à sua obra messiânica, 
porque reconheceu tratar-se de um reencontro amigo na face da Terra. Realmente, ele 
havia trocado idéias com ela ainda no mundo espiritual, antes de ingressar nos fluidos do 
orbe físico, prometendo convocá-la no momento oportuno e ajudá-la na sua tarefa adstrita 
ao Cristianismo. Em conseqüência, o comando das Trevas sentiu-se completamente 
decepcionado e desarmado na sua pertinácia de ferir o evento cristão, após verificar o 
fracasso do seu programa perturbador e confundir o afeto puro entre Jesus e Madalena, o 
qual ainda deu mais força espiritual ao fundamento sadio do Cristianismo. 
 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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