ocupado, a situação e importância do lugarejo ou o perímetro mais progressista da cidade.
Todos os produtos levados ao mercado sofriam taxações elevadíssimas. Os vinhateiros,
cerealistas, lavradores e artífices de todos os tipos e regiões eram obrigados a pagar em
cada encruzilhada ou passagem de rio, na guarita dos arrecadadores, a moeda para o
César de Roma.
Mas o povo não se obrigava a essa carga onerosa somente para com o Império
Romano, pois ainda lhe cumpria arcar com os impostos de natureza religiosa, cujas taxas
devidas ao Templo incidiam desde a redenção do pecador, à santificação do virtuoso, ao
advento do recém-nascido, à maturidade dos primeiros frutos, das hortaliças e ainda
outras obrigações sobre as coisas mais fúteis escorchavam o povo escravizado. Tanto o
tributo romano como o religioso para o Templo eram obrigatórios, sendo severamente
punidos aqueles que o sonegassem. Ai de quem não pudesse cumprir sua dívida para
com o fisco no prazo compulsório! Ele perdia o seu burrico, sua vaca, seu carneiro, seu
galináceo, seu vinhedo, seu campo, sua palhoça ou sua lavoura. E quando nada mais
possuía para cobrir o imposto escorchante e impiedoso do fisco romano e do Sinédrio,
então só lhe restava a prisão E, em certos casos, o trabalho escravo até liquidação da
dívida, e que não devia exceder de sete anos.
É certo que cabia ao povo alguma culpa de tal situação, porquanto em face do seu
fanatismo e velha superstição religiosa, deixara-se explorar até ao ponto de se transformar
em matéria-prima de fácil especulação para os sacerdotes cúpidos que eram amparados
pelos romanos manhosos. O Procurador de Roma lograva as boas graças junto ao
Sinédrio, porque sempre lhe garantia a execução das bulas e dos decretos forjados pela
avidez de lucros, mas que não passavam de verdadeira pilhagem religiosa habilmente
disfarçada como tributos devocionais.
O interessante é que, apesar da evolução da idéia religiosa, do avanço da própria
ciência e da melhor compreensão da realidade espiritual, ainda hoje existem inúmeros
fiéis que contribuem para essa negociata tradicional do sacerdócio organizado, como
seja a que é mantida pelo Clero Romano moderno. Embora as oferendas religiosas ou
taxas para os templos de hoje sejam voluntárias, o negócio progride dia a dia.
Tal qual acontecia na Judéia no tempo de Jesus, hoje cobram-se nas Igrejas as
taxas para batismo, casamento, crisma, a missa das almas, do defunto ou da colação de
grau. Há um dízimo grande e pequeno dos festeiros, noveneiros ou paroquianos
ausentes; o arrendamento do altar ou banco cativo para as famílias afidalgadas. Ao lado
do templo, a livraria vende escapulários, santinhos, rosários e relíquias abençoadas pelo
sacerdote. A organização progride, efetivando campanhas buliçosas para o novo
“vitraux” ou a nova torre da Igreja ou para a troca da coroa da santa padroeira do local.
Arrecadam-se moedas para ações sociais nos bairros pobres, requer-se ajuda para as
procissões dramatizadas ou transladações de imagens e congressos eucarísticos, que
oneram os próprios cofres públicos. Raras autoridades públicas deixam de sancionar
pesadas subvenções para a construção de luxuoso templo como futuro patrimônio
estético da cidade ou, então, para edificarem seminários de sacerdotes ou de palácios
episcopais.
Por conseguinte, não vos é difícil avaliar o que acontecia na Palestina no tempo de
Jesus, quando o Clero Judaico possuía enorme influência sobre o povo e mesmo sobre
a autoridade romana, abastecendo suas arcas mediante pesados impostos e tributos
para manter a classe parasitária. Hoje, embora sem a mesma força de outrora e
contando apenas com a capacidade de doutrinar e influir sobre os crentes para auferir a
renda necessária, o Clero Católico canaliza para o Vaticano rendas tão fabulosas
quando o fazia o Sinédrio, no tempo de Jesus. Não há dúvida de que muitos daqueles
sacerdotes cúpidos, hebreus, hoje vivem reencarnados na figura de certos eclesiásticos
a serviço do Catolicismo Romano.
PERGUNTA: — E qual o aspecto da Galiléia no tempo do nascimento de Jesus?
RAMATÍS: — A Galiléia ficava na região ao norte da Palestina; e no tempo de Jesus
estendia-se desde o rio Jordão até o mar Morto. Era virtualmente uma nação
independente, constituindo uma tetrarquia sob os Herodes. Também era habitada por
diversas raças além dos judeus, tais como árabes, abissínios, gregos, fenícios, sírios,
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