e ambiciosos, personalistas e insensíveis, cúpidos e dissolutos, raríssimos cidadãos 
romanos poderiam impressionar-se com os apelos para a humildade, renúncia, pureza e 
frugalidade. Em Roma, o povo rendia tributo religioso quase como quem acerta seus 
negócios e liquida débitos numa conta corrente. E o que era mais importante: os deuses 
também lhes deviam a obrigação e a glória de serem divulgados e cultuados nas 
longínquas províncias da Gália, Palestina, Germânia, Síria ou Egito, onde tremulavam as 
águias de Roma. Só o povo de Israel realmente seria capaz de realçar a figura angélica 
de Jesus, no cenário do Mundo. 

 
PERGUNTA: — Mas a força espiritual de Jesus não seria suficiente para ele vencer 

todos os óbices encontrados no ambiente físico em que devesse encarnar-se? 

RAMATÍS: — Se bastasse somente a força espiritual de Jesus para afastar todas as 

dificuldades naturais do mundo físico, é evidente que ele também não precisaria encarnar-
se na Terra para esclarecer “pessoalmente” o homem, pois isso poderia ser feito do 
próprio mundo invisível e só em Espírito. Para servir à humanidade encarnada Jesus 
necessitou mobilizar os mesmos recursos dos demais homens e honestamente enfrentar 
as mesmas dificuldades. Embora se compreenda que o gênio já existe na intimidade do 
pintor excelso ou do compositor incomum, o certo é que o primeiro precisa de pincéis e 
tintas e o segundo, de instrumentação musical para, então, darem forma concreta às suas 
criações mentais. 

Jesus também era um gênio, um sábio e um anjo em espírito, mas precisou exilar-se 

na matéria para entregar pessoalmente a sua mensagem de salvação do homem. Em 
conseqüência, serviu-se de instrumentação carnal apropriada e enfrentou os óbices 
naturais do mundo físico para realizar sua tarefa de esclarecimento espiritual. Ele só 
dispunha do curto prazo de 33 anos para cumprir sua tarefa messiânica, como o 
sintetizador de todos os instrumentos espirituais que o haviam antecedido. Sua obra exigia 
uma conformação absoluta ao gênero humano e um exemplo pessoal incomum, sem gozar 
de privilégios extemporâneos do mundo invisível, que depois enfraquecessem as 
convicções dos seus discípulos ou produzisse o milagre que gera a superstição. 

 
PERGUNTA: — Podemos crer que o advento de Jesus à Terra deveria ser efetuado 

rigorosamente há dois milênios? Ou esse fato tanto poderia ocorrer alguns séculos antes 
ou depois? 

RAMATÍS: — O “acaso” é coisa desconhecida no Cosmo, pois tudo obedece a um 

plano inteligente; e os mínimos acontecimentos da vida humana interligam-se às causas 
e efeitos em correspondência com o esquema do Universo Moral. Sem dúvida, há um 
fatalismo irrevogável no destino do homem a sua eterna Felicidade. Ninguém jamais 
poderá furtar-se de ser imortal e venturoso, pois, se isso fosse possível, Deus também 
desapareceria, porque o espírito humano é da mesma substância do Criador. Dentro do 
plano inteligente de aperfeiçoamento dos homens e dos mundos, o Alto atende aos 
períodos de necessidades espirituais das humanidades encarnadas, assim que elas se 
manifestam mais sensíveis para as novas revelações e evolução dos seus códigos 
morais. 

Na época exata dessa necessidade ou imperativo de progresso espiritual, manifesta-

se na Terra um tipo de instrumento eletivo a cada raça ou povo, a fim de apurar-lhe as 
idiossincrasias, ajustar o temperamento e eliminar a superstição. É uma vida messiânica 
de esclarecimento sobre o fanatismo religioso e o preparo de um melhor esquema 
espiritual para o futuro. Antúlio, o filósofo da Paz, pregou aos atlantes as relações 
pacíficas entre os homens; Orfeu deixou seu rasto poético e saudosa melodia de 
confraternização entre os gregos; Hermes ensinou no Egito a imortalidade da alma e as 
obrigações do espírito após a morte do corpo físico; Lao-Tse e Confúcio atenderam ao 
povo chinês, semeando a paciência e a amizade sob as características regionais; Moisés, 
quase à força, impôs a idéia e o culto de Jeová, um único Deus; Zoroastro instruiu os 
persas na sua obrigação espiritual; Krishna despertou os hindus para o amor a Brahma, e 
Buda, peregrinando pela Ásia, aconselhou a purificação da mente pela luz do coração. 

Todas as encarnações desses instrutores espirituais precederam Jesus no tempo 

certo e obedecendo a um programa evolutivo delineado pelo Alto. Eles amenizaram 

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