16. 

A influência benéfica do povo galileu na obra de Jesus 

 
 
 
 
 
 

 
PERGUNTA: — Gostaríamos de conhecer maiores particularidades quanto à 

contribuição do povo galileu na tarefa messiânica de Jesus. É possível? 

RAMATÍS: — O povo galileu era habituado à simplicidade; não gozava da abastança 

que choca os necessitados, mas também não sofria a miséria que confrange os mais 
ricos. Era realmente um povo amável, respeitador e profundamente hospedeiro, 
facilmente compreensivo para com as necessidades do próximo e sentia-se mesmo 
eufórico em servir. Esse temperamento e modo peculiar do galileu, que o fazia feliz com o 
hóspede na cabeceira de sua mesa, certo de que isso era muitíssimo agradável a Jeová, 
deu margem para que Jesus firmasse inúmeras lições que louvavam a caridade e 
insistiam no espírito de hospedagem. Mas o seu temperamento era algo rixoso, pois 
discutiam facilmente por qualquer assunto religioso, embora sem as capciosidades dos 
fariseus ou a obstinação dos saduceus. Os homens eram bulhentos em suas pescas, 
negócios, festas e peregrinações; as mulheres, tímidas, serviçais, humildes e algo 
supersticiosas. 

Desde a mais tenra infância, os galileus acostumavam-se à incondicional obediência 

aos preceitos religiosos e à vontade de Jeová. Eram essencialmente comunicativos com 
seu Deus e faziam pouca diferença entre a vida carnal e a vida espiritual, quase 
despercebidos da divisa que os separava do Além. Isso era uma peculiaridade comum 
de todo o povo judeu, que mal poderia apontar onde começava a vida objetiva e 
terminava a subjetiva, desde que se tratasse de assuntos religiosos. Jeová fazia parte 
tão integrante de suas vidas, de suas devoções, dos seus prazeres e negócios, que 
jamais eles poderiam manifestar qualquer dúvida na sua crença religiosa. 

Antes de exigirem favores de Jeová, eles o adoravam através de oferendas diárias 

da obediência absoluta, dos louvores e hosanas que tributavam sob qualquer pretexto 
da sua vida em comum. Quando o Senhor não lhes correspondia nas lutas, nos 
negócios, na libertação contra o inimigo, os judeus não se rebelavam nem descriam, 
mas apenas se entristeciam, tal qual os filhos obedientes e afetuosos se conformam 
com as negativas dos pais. No entanto, qualquer favor mais insignificante atribuído a 
Jeová era motivo sagrado para eles oferecerem em seu louvor o melhor casal de 
pombos, o carneiro mais gordo, o vaso de óleo mais cheiroso, o incenso mais fragrante 
trazido da Índia, o presente mais terno buscado em Alexandria. Não era um tributo 

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