abençoar armas criminosas, destinadas às guerras fratricidas. O povo judeu, quando 
compôs o seu livro sagrado — O Velho Testamento — como fundamento religioso de 
sua vida, mesclou-o de fatos condenáveis, mas assim o fez por excesso de Fé e de 
submissão ao Criador. No entanto, o homem do século XX pratica os mesmos desatinos 
e alardeia emancipação espiritual, com a agravante de já ter conhecido Jesus. 

Apesar da promiscuidade de Deus, na Bíblia, com a censurável moral judaica, tudo 

foi uma revelação honesta, sincera e até ingênua, sem os artifícios comuns dos povos 
astutos, modernos, que costumam cultuar duas morais maquiavélicas — uma para uso 
interno e outra para o público. Se a vossa civilização pretendesse escrever a sua Bíblia, 
adotando a mesma franqueza e simplicidade com que o povo judeu escreveu a sua, 
redigiria o mais imoral e bárbaro tratado de história humana, pois relataria mazelas bem 
piores e ignomínias praticadas em nome de Deus, de fazerem arrepiar os cabelos. 
       A Bíblia, repleta de incongruências atribuídas a desígnios de Deus, mas sincera, 
estóica e ingênua, é o livro que revela as condições espirituais de um povo profético e 
tenaz em sua fé. Entretanto, maior pânico vos causaria se fosse escrita por qualquer 
povo da época, que não fosse o judeu, cuja moral mais comum se alicerçava na 
rapinagem, na escravidão e nas orgias sem limites. Eram nações onde os deuses 
pululavam para todos os gostos, mesmo para as práticas fesceninas e que sancionavam 
todas as bestialidades humanas, inclusive a queima de tenras crianças para o sacrifício 
pagão.

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 A simples descida de Jesus ao povo israelita para servir de sede à sua missão, 

indica-o como o mais credenciado espiritualmente para a glória do Messias. E a sua 
própria Bíblia merece, portanto, um pouco de afeição dos outros povos, porque é o rude 
alicerce do edifício eterno do Cristianismo. 

 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

                                                        

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 Nota do Revisor: Os amonitas, moabitas, fenícios e hititas e os habitantes de Canaã veneravam a divindade 

Moloc, cujo culto consistia, em geral, no sacrifício do primogênito a ser lançado vivo no braseiro que ardia nas 
entranhas da estátua de bronze incandescente. 
 

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